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"Kozák" volta de Salvador com mais duas premiações

Salvador - Mais dois prêmios para o "O Mundo Perdido de Kozák". Agora foram dois Tatus, prêmios da XVII Jornada de Cinema da Bahia, encerrada na noite de quarta-feira, 14 - e que vieram se somar ao Kikito de melhor roteiro (XVI Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, junho/88) e aos dois Sol de Prata (melhor filme curta, melhor direção) e troféu Macunaíma (melhor filme do festival) no IV Rio-Cine Festival (Rio de Janeiro, agosto/88), as premiações que Fernando Severo vem obtendo com suas homenagens ao cineasta Vlademir Kozák (1897-1979). Desde sua exibição na terceira sessão da mostra competitiva (no sábado, 18h), o documentário de Severo despontou como um dos favoritos na Jornada, que este ano teve a maior abertura nos filmes em disputa dos 21 prêmios oficiais. A premiação com o Tatu de Prata como melhor filme curto documental, foi dividido com "Uno, dos eso es", da cubana Miriam Talavera, 12 minutos - uma abordagem diferente de uma luta de boxe. O segundo Tatu de Bronze - foi para a fotografia de Peter Lorenzo. Dois prêmios significativos, considerando-se o bom nível dos que estavam na disputa. Abertura para os longas - Pela primeira vez em seus 17 anos de existência, a Jornada de Cinema da Bahia abriu a parte competitiva para os longas-metragens, categoria disputada por quatro filmes. O grande vitorioso foi "Terra para Rose", de Tetê de Moraes, que ao ganhar o prêmio Glauber Rocha (Cz$ 300 mil, oferecidos pela Secretaria de Cultura da Bahia), mais o prêmio do júri popular e os Tatu de Ouro como melhor documentário e Tatu de Bronze como melhor música (Ricardo Pavão), elevou para 12 as premiações conquistadas por este emocionante documentário sobre os sem-terra, no Rio Grande do Sul, a partir da invasão da Fazenda Anoni. No Festival do Cinema Brasileiro de Brasília (outubro/87), "Terra para Rose" já havia obtido as 6 principais premiações na categoria 16mm. Levado para o Festival de Havana, ali obteve mais duas premiações - inclusive o Gran Coral - motivo para que Tetê se empenhasse em conseguir ampliar o filme para 35mm, o que conseguiu fazer nos Estados Unidos. Agora, Tetê de Moraes, retirando o filme da distibuição da Embrafilme (irritada pela morosidade com que a estatal atua na área de mercado), está montando um esquema para fazer com que seu documentário chegue, o mais rapidamente possível, nos principais circuitos. Em Curitiba, deseja vê-lo programado no Cine Ritz, o que dependerá apenas de Francisco Alves dos Santos agilizar um esquema. Dois outros prêmios de destaque da Jornada foram também para documentários fascinantes: o longa "Memória Viva", de Octávio Bezerra - que representou o Brasil no IV FestRio (novembro/87), ali obtendo dois prêmios, ficou com o prêmio Paulo Emílio Salles Gomes (Cz$ 100 mil oferecidos pela Secretaria da Cultura de São Paulo) e que se destina ao "melhor trabalho brasileiro de pesquisa histórica, sociológica ou antropológica". "Memória de Sangue", documentário de 13 minutos, com roteiro e direção de Conceição Senna (esposa do cineasta Orlando Senna), abordando a comunidade de Canudos, em seus descendentes e que hoje lutam pela questão de terras - recebeu o prêmio Olney São Paulo (Cz$ 100.000,00) destinado ao "melhor filme de temática nordestina". Dois filmes abordando questões políticas na América do Sul receberam também prêmios especiais: o OCIC, destinado "a obra de maior valor humanístico" foi para "P.S.W. - Uma Crônica Subversiva", de Paulo Halm/Luiz Arnaldo Campos, que já havia sido premiado em Gramado. Já o prêmio Sky Light-Direitos Humanos (250 OTN em equipamentos ao filme que melhor contribua para a defesa dos direitos humanos) foi para "A los compañeros, na liberdade", Argentina, 28 minutos, de Marcelo Céspedes e Carmen Guarani, relatando a situação dos presos políticos na Argentina. "P.S.W." - Uma Crônica Subversiva", produzido por José Jofilly, filho, narrando a morte do deputado catarinense Paulo Stuart Wright (cujos filhos residem em Curitiba), assassinado nas dependências do Doi-Codi, obteve também o Tatu de Ouro, na categoria média-metragem. LEGENDA FOTO - "Memória Viva", amplo painel sobre a questão cultural no Brasil, recebeu o Prêmio Paulo Emílio Salles Gomes. Na foto, uma cena em que aparecem três personalidades conhecidas: Albino Pinheiro, Fernando Albaglim (editor da revista "Cinemim") e o cineasta Fernando Coni Campos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
16/09/1988

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