Uma notável versão com os teclados das irmãs Labeque
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de novembro de 1991
Uma oportunidade para se apreciar como uma obra-prima tem diferentes interpretações após ouvir o integral de "West Side Story" na gravação de Bernstein, compará-la com a interpretação que o pianista de jazz Oscar Peterson fez há quase 30 anos com a recente gravação das irmãs Kátia e Marielle Labeque, lançada pela Sony/CBS, dentro de sua série Masterpieces - e que embora tenha sido colocada no mercado há já alguns meses, é possível de encontrar ao menos em fita-cromo.
A personalidade das irmãs Labeque - tão lindas quanto competentes - pode ser destacada na forma que o arranjador Irwin Kostal imaginou para 10 momentos da obra de Bernstein, em forma de suíte. Com a participação de três percussionistas - Jean Pierre Drouet e Sílvio Guáldo, de formação erudita e o jazzista Trilok Gurtu - colaborador habitual do catarina-curitibano Airto Guimorvan Moreira em seus trabalhos (inclusive na "Missa Spiritual", feita na Alemanha há 9 anos passados) - os teclados de Kátia e Marielle deslizam de uma forma forte - não tanto quanto Oscar Peterson, é claro (que em sua gravação usou a formação do trio - com Ray Brown no baixo e Ed Thigpen na bateria (dispensando-se as letras de Sondheim) fluem numa forma de suíte - a partir de uma Overture, passando pela Scherzando, Blues, um vivace il legero e dando a alguns momentos os títulos-ritmos - "Mombo e Cha Cha" do espírito da obra. Sem adulterá-la - mas conseguindo fazer uma releitura personalíssima - esta revisão do "West Side Story" é um registro fantástico - que se acrescenta a já significativa discografia que desde 1957 a obra de Bernstein / Sondheim / Robbins / Laurenta vem estimulando. E muito ainda se poderá fazer, pois este foi, sem dúvida, um momento culminante do musical americano.
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