Uma poltrona perigosa...
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de março de 1989
O senador Affonso Alves de Camargo Neto não é um político supersticioso. Pois se fosse já teria pedido para trocar a poltrona que ocupa no Senado Federal. É que lhe coube justamente a poltrona que era ocupada pelo senador Kairala José Kairala morto a tiros, no Senado (estava há poucos dias em Brasília, substituindo ao senador titular do Acre, José Guiomard dos Santos). Numa discussão inflamada, em dezembro de 1963, o senador Arnon Afonso de Farias Melo, então com 52 anos, foi atacado violentamente por um oponente, o senador Silvestre Péricles de Gois Monteiro.
Ao sentir-se fisicamente ameaçado por este, alvejou-o com um tiro. O senador Gois Monteiro foi rápido e se jogou ao chão mas o seu colega Kairala José, novato na casa e surpreso com a violência, não se abaixou a tempo. Resultado: morreu instantaneamente.
Detido na ocasião, Arnon de Melo permaneceu preso até 1964, tornando-se vice-líder do Bloco Parlamentar Independente e líder do PDC e a partir de junho daquele ano (posteriormente filiou-se à Arena e foi reeleito em novembro de 1970).
Hoje, é o filho de Arnon de Melo, que é famoso: Fernando Collor de Melo, deputado federal por Alagoas na legenda do PDS, em 1982, atual governador que com a imagem de caçador de Marajás se tornou aspirante a Presidência da República. Arnon de Melo foi governador de 1961 a 1965, pela UDN. Em setembro de 1978 foi escolhido Senador biônico, função da qual se licenciaria em 1981, vindo a falecer em Maceió no dia 29 de setembro de 1983.
Nem o próprio Affonso Camargo tinha reparado neste detalhe. Sua poltrona fica entre as de José Richa e Francisco Leite Chaves, sempre atento aos detalhes que observou a coincidência. Até agora, Affonso não pediu para permutar de poltrona.
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