Vocalistas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de abril de 1979
Uma política que vem sendo implantada, em termos multinacionais na indústria fonográfica é a de fazer lançamentos maciços, de dezenas de novos artistas - vocalistas, conjuntos vocais instrumentais etc - e, após uma carga promocional violenta, deixar que os computadores analisem os resultados. Aqueles que tiveram aceitação continua a serem prestigiados, com novos discos, enquanto os que não tiveram suas músicas aceitas são simplesmente esquecidos. Ou seja: uma fórmula executiva, fria, impessoal - em que a música, a criança artística, merece o mesmo tratamento de qualquer outro produto comercial. Um tema para muitas análises e reflexos .
Sente-se dito observando-se a quantidade de lançamentos internacionais que as 20 fábricas ou etiquetas que funcionam no Brasil fazem mensalmente, tornando impossível, mesmo aos profissionais mais ligados ao setor, sejam nas rádios, televisões ou jornais, poderem acompanhar - e principalmente analisar com maiores cuidados - o grosso desta produção em massa. Há, obviamente, vocalistas, instrumentistas ou compositores já conhecidos, enquanto são novidades testados no mercado brasileiro, após terem emplacados algum sucesso em seu país de origem.
Tudo isso dentro de modismos - assim como foi o rock, o pop, o soul e, agora, apresentando os primeiros sinais de exaustão a discotheque. Um som liquifeito, misturado muitas vezes - em que a função crítica torna-se difícil - e a análise cabe muito mais a técnicos de "merchadiding" do que aos que se preocupam pela música.
Um punhado de novos vocalistas com discos na praça, de vários países, são exemplos claros desta política industrial.
Por exemplo, Olivia Newton John, cantora australiana, lançada há alguns anos, teve a sorte grande ao ser escalada por Robert Stingwood, o habilidoso homem que industrializou o som discotheque (via "Studay Night Fevre/ Os Embalos de Sábado à Noite"), para dividir com o ídolo deste modismo, John Travolta, o "Grease, Nos Tempos da Brilhantina". Com isso a carreira de Olivia sofreu um extraordinário salto promocional e seu novo lp solo - "Totally Hot" (EMI/Odeon 31CO661813, fevereiro/79), tendo como atração maior "A Little More Love", por certo venderá muito mais do que seus discos anteriores. Aliás, Olivia é uma cantora suave e que já apreciávamos independente deste trabalho de marketing que foi feito sobre sua imagem. Gravou músicas próprias (como "Borrowea Time", "Talk To Me") e de outros autores inspirados, como John Farrar ("Totally Hot", "A Litle More Love"), entre outros.
Thelma Houston, americana do Mississipi, canta desde os 3 anos e teve origem humilde, trabalhando na colheira de algodão no Sul dos Estados Unidos.
Depois foi enfermeira auxiliar - como a brasileira Ivone Lara - mas a sua bela voz, estilo "gospel", tão caracteristicos do canto negro/ evangélico do Sul dos EUA, a levaria, forçosamente a fazer uma carreira profissional: após cantar em um grupo gospel - The Art Reynolds Singers, passou a boites, onde foi descoberta por Marc Gordon, que havia lançado o grupo Fifith Dimension, e há 10 anos Thelma fazia seu álbum de estréia ("Sunshower", escrito e produzido por Jimmy Webb), iniciando uma carreira que cresceu de álbum para álbum (Grammy, 74, melhor vocalista R&B), dividindo-se entre o canto e o palco - estrelando, por exemplo o musical "The Amazing Fight of the Gooney Bird", 74, seguido de "Death Scream" e "The Seventh Dwarf". Posteriormente gravou a deliciosa trilha sonora de "Norman... é ou não é". Depois, enquanto seu novo álbum "Any Way You Like It", Thelma Obtinha a grande chance no cinema" interpretar o papel - título no filme suave sobre uma das maiores cantoras de blues de todos os tempos em "The Bessie Smith Story". Agora, Thelma tem dois álbuns colocados simultaneamente no mercado "Ready To Roll", com duas faixas na linha discotheque - "Saturday Night, Sunday Morning" e "Everbydoys`s Got A Story", que garantem a absorção rápida deste álbum. Já com o cantor Jerry Buttler, em "To To One ", Thelma divide um elepê mais calmo - igualmente produção da Motown/ Top Tape - onde no repertório se destacam composições de V>McCoy ("Don`t Pity Me", "Fin A Way"), J. Butller/ W. Hutch It To Ourselves"), entre outras.
Se Thelma convidou Jerry Butler para com ela dividir este seu álbum, o veterano Johnny Mathis, com um quarto de século de carreira na CBS, média de dois álbuns por ano - sempre com os êxitos da temporada, em arranjos açucarados, inova um pouco "Thet`s What Friends Are For" CBS, 138101), onde afora um excelente apoio orquestral convocou uma nova cantora, Daniece Willians, para interpretar músicas como "You`re All I Need To Get By", "You`re A Special Part Of My Life", "O Just Can`t Get Over You" e "Ready Or Not".
Cissy Huston é outra cantora que começou, a exemplo de Thelma Houston - de quem não é parente - a cantar música gospel, ainda crianças. Aos 16 anos já dirigia seu próprio grupo. The New Hop Baptista Chuch Young Adult Choir, em Newark, New Jersey, de onde surgiram Dionne Warwick, sua irmã Dee, Judy Clay e 3 integrantes do The Sweet Inspirations, da qual foi vocalista e arranjadora, excursionando com Aretha Franklin, Dione Warwick, Dee Dee e outras. Depois Cissy trabalhou com o flautista Herbie Mann, gravando inclusive 2 elepês, finalmente lançando-se em solo, numa carreira das mais promissoras. "Think It Over" (Odeon), seu novo lp, conta com produção de Michael Zager, que já havia sido autor de seu sucesso anterior - "Let`s Al Chant". A faixa título do novo disco de Cissy Houston traz um ritmo vibrante com um vocal poderoso e outras faixas fortes são "Warning-Danger" e "Somobody Shold Have Told Me".
Nos embalos da discotheque quem apareceu também foi Gloria Gaynor, que desde seu primeiro hil "Never Can Say Good bye", musica título de seu primeiro elepê, vem emplacando outros êxitos. Também de New Jersey, cantando desde os 18 anos, Gloria fez parte do grupo Soul Satisfiers. Aproveitando recente temporada que Gloria fêz no Brasil, a Polygram lançou o seu novo elepê, "Park Avenue Sound", onde o "must" para todas as discotecas se concentram nas faixas "This Love Affair", "Kidnapped" e "You`re All I Need To Get Bye".
Outras cantoras na linha discotheque: Loteatta Holloway, em "Queen Of The Night" (Top Tap) inclui também baladas R&B - além de numa faixa, "Only You", ter como vocalista convidado Bunny Sigler. Já Charo, em seu segundo elepê, "Ole Ole" faz o máximo que se poderia imaginar: gravar ao rítmo discotheque um clássico do repertório de violão, "Concierto de Aranjuez" (Rodrigo), peça que tem sido tour-de-force dos maiores concertistas deste instrumento. Charo além de insinuante e bela, é também violonista - tanto é que os 8h46min de "Arranguez" são totalmente instrumentais. Em compensação, as outras faixas - "Ole Ole", "Hot Love" e "Love Boat Theme" são pura discoteca destacando-se em "Hot Love" o apoio do grupo Sweethearts. Outra cantora-disco, também descartável mas bem promovida: Lady Butterfly, na verdade Evlyn Burstin, nascida em Manilla, Filipinas, e que em trio com mais duas moças fez uma excursão pela Europa e emplacou alguns êxitos até na Bélgica. Em 1978, sozinho, Evlyn - ou Lady Butterfly, partiu para a carreira solo, com "Mister Man".
Outra estreante no Brasil é a inglesa Sarah Brightman, 18 anos, que com "I Lost My Heart To A Starship Trooper" é uma esperança da RCA Victor para disputar está faixa de mercado.
Sarah, que começou a cantar e compor desde os 11 anos, tem o apoio do grupo Hot Gossip - com o qual inclusive apareceu um dos quadros do programa "Fantástico", recentemente, como apoio ao lançamento de seu primeiro elepê.
Outro nome popular das discotheques, Penny McLean, com novo lp na praça, "Midnight Explosion" (RGE/ Young, 304.1134) no esquema convencional, que mais vale pelo visual da bela loira do que como música. Já Judy Cheeks ("Please Give Me This Night", Continental) é uma morena que merece alguma atenção, especialmente em faixa como "The Little Girl In Me" e "Mellow Lovin".
Para não ficarmos hoje apenas na mais superflua linha discotheque, registre-se um lançamento de música francesa: o agradável cantor e compositor Salvatore Adamo "Les Chansons d`oú jeviens", CBS 235011), um elepê bem acabado, com excelente arranjos, letras imaginativas - além de capa das mais bonitas e Daniel Gerard, que com "Butterfly" já havia aparecido um pouco nas paradas, e agora, em "Time Are Chancing (Copacabana), inclui uma outra música capaz de repetir o sucesso de "Butterfly": "Harlequim"(Bernete/Barnes). Outro novo cantor que também tenta entrar no mercado: Michael Henderson. Como tantos outros começou a cantar ainda criança e já fez 3 elepês na Buddah Records, o primeiro dos quais, "In The Night Time", chega agora ao Brasil. Segundo o release da Copacabana "traz a estranha magia e soltura do jazz com toda intensidade emocional do romântico".
Primeiro do rock progressista, fascinante e controvertido, Lou Reed ataca novamente no lp "Street Hassle"(Odeon). Ex-líder ao conjunto Velvert Underground, Lou atrai fãs devotados a sua maneira debochada, seu ritmo agressivo e seu poder de transformação no palco. Neste novo disco, são 8 faixas uma das quais, a que dá título do elepê- "Street Hassle", dividida em 3 partes: "Waltzing Matilda", "Street Hassle" e "Slipway".
Finalmente, a RCA traz Al Stewart em "Time Passages", compositor-intérprete que vem recomendado pela produção de Alan Parsons, nome dos mais respeitáveis. São nove músicas, uma das quais, "A Man For All Seasons" atrai a partir do título.
FOTO LEGENDA- Olivia
FOTO LEGENDA1- Danyel Gerard
FOTO LEGENDA2- Thelma Houston, Jerry Buther
FOTO LEGENDA3- Thelma Houston
FOTO LEGENDA4- Sarah & o grupo Hot Gossip, novo lançamento RCA.
FOTO LEGENDA5- Johnny Mathis & Deniece Williams
FOTO LEGENDA6- Gloria Gaynor Love Track
FOTO LEGENDA7- Salvadore Adamo
FOTO LEGENDA8- Al Stewart Time Passages
FOTO LEGENDA9- Includes the hit single Mellow Lovin
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