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Aramis

As grandes vozes, de Billie a Dionne interpretando Cole

Há alguns anos, quando a CBS lançou um elepê de Billie Holiday (1915-1959) na época (1973) praticamente desconhecida no Brasil, um grande amigo, Arnaldo Fontana, já falecido, entusiasta da cantora, dizia: "Rezo para que este disco faça sucesso e a CBS edite todos os seus discos". As preces do bom Arnaldo foram atendidas. Demorou mas os brasileiros descobriram a importância de Lady Day, que a faz ser reconhecida, há muito, como a mias importante cantora da história do jazz. Hoje, difícil encontra uma vocalista que não procure ouvir religiosamente seus discos, pois técnica, emoção e sensibilidade se cruzaram com perfeição em sua obra. Ainda agora, há novas opções de Billie nas lojas: "The Billie Holiday Story" (álbum duplo, MCA/WEA) e "The Quintessential Billie Holiday" (CBS). "The Quintessential..." é o sexto volume com a série de gravações que fez para a Columbia nos anos 30. Traz 18 faixas feitas em 1938, com diferentes acompanhamentos. Já o álbum duplo "The Billie Holiday Story" é uma antologia com 24 canções registradas entre os anos 40 e 50. O encarte associa trechos da autobiografia de Billie ("Lady Sings the Blues"), já editado no Brasil) a cada canção escolhida pelo co-autor do livro, William Duffy. Também a Imagem lançou em CB o LP" Billie Holiday". Mesmo com deficiências de gravação (que o produtor Jonas Silva honestamente reconhece na capa), o lp traz Lady Day em momentos magníficos como "As Time Goes By", "Don't Be Late" (com Lester Young, saxofonista e com quem ela viveu algum tempo) e "Embraceable You". Última das grandes Ladies Singers dos anos 30/50 ainda viva - embora gravemente doente, Ella Fitzgerald também tem dois álbuns na praça: Em "Princess of the Savoy" (WEA/MCA) temos suas primeiras gravações, no período 1936/39, pouco depois de ter sido descoberta e adotada pelo baterista e band leader do swing Caick Webb. Quando gravou hits como "Sing Me a Swing Sing" e "Love, You're Just a Laugh", que gravou aos 18 anos. Pela Imagem em lançamento convencional (mas prometido também em CD), temos uma antologia de 16 standarts do repertório de Ella, infelizmente sem datas de gravações, mas historicamente importantes como "Mack the Knife", "How High The Moon", "Oh! Lady Be Good", "Body and Soul" e outros temas eternos. Passando de mostros sagrados como Billie e Ella para também excelentes cantoras contemporâneas, temos os novos álbuns de Nancy Wilson ("A Lady with a Song", CBS) e Dione Warwick ("Sings Cole Porter", Arista/BMG). Nancy Wilson (Chillicothe, Ohio, 20/2/1937) mantém-se em plena forma. Bela, sensual e trabalhando muito - desde que, em 1956, começou como crooner da banda de Rusty Bryant, com quem faria o primeiro de seus 56 álbuns, uma marca respeitável. Lançadora de sucesos, muitas premiações, Nancy não parou nunca de cantar, emvora há algum tempo faltassem seus discos no Brasil, inclusive o belíssimo "Yaksa", que gravou com o executante de harmônica Toots Thieleman. Felizmente, agora a CBS lança um novo disco de Nancy Williams, "A Lady With a Song", que motiva a David Nathan, da "Billboard", a lhe dedicar uma generosa contracapa na qual a compara às maiores cantoras negras de nosso século. Trabalhando novamente com músicos como Gene McDaniels e Kiyoshi Itoh - que a acompanharam nestes últimos seis elepês e buscando um repertório ajustado, com faixas como "That's What I Remember", "Other Side of the Storm", "Heaven Hands", Nancy está esplendorosa, suavemente agradável. Dionne Warwick (East Orange, New Jersey, 12/12/1940) é outra cantora que só melhora com o tempo. Aos 50 anos a serem completados no próximo mês, esta collored que emplacou mais de 30 hits nos anos 60, que começou cantando gospels com as irmãs Dee Dee (1945), Dissy e Thelma Houston, se tornaria a grande intérprete de Bacharach/David. Claro que a dupla lhe deu os maiores sucessos, mas Dionne buscou também um repertório próprio, caminhos novos - nem sempre, aliás, bem sucedidos. Agora, Dionne aparece num álbum esplêndido, homenageando um dos cinco maiores compositores americanos de todos os tempos - Cole Porter (Peru, Indiana, 9/6/1891 - Santa Mônica, Califórnia, 15/10/1964). A fórmula não poderia deixar de funcionar: uma esplêndida cantora, produção cuidadosa de Arif Mardin e Clive Davis fazem deste "Dionne Warwick Sings Cole Porter" (BMG/RCA/Ariola) um dos melhores álbuns internacionais do ano. Com a participação do saxofonista Grover Washington Jr. e do guitarrista Stanley Jordan numa versão jazzística de "Night and Day" (1934, talvez a mais conhecida composição de Porter), Dionne desfila clássicos como "I Love Paris", "Begin the Beguine", "Anything Goes", "All of You", "I Concentrate on You" que (com) provam como Porter foi genial.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
6
11/11/1990

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