Brenda, Lita e Vanessa, o novo som das mulheres
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de novembro de 1990
Mais um punhado de discos de cantoras - desde veteranas como Ella Fitzgerald, mitos como Billie Holiday (1915-1959) até gente nova, buscando seus espaços. Comecemos falando das new voices.
BRENDA RUSSEL, cantora e compositora americana chega com "Kiss Me with the Wind" (A&M, Polygram), seu segundo LP no Brasil e o sexto de sua carreira. A faixa-título exemplifica a versatilidade de Miss Russel e as diferentes facetas de sua personalidade musical. Seu LP anterior, "Get Here" (1988) foi bem recebido pela crítica e público e chegou a ser indicado ao Grammy-88. A faixa "Piano in the Dark" conquistou o Top 10 nos Estados Unidos e na Europa.
Autoproduzindo-se, Brenda buscou bons arranjadores como Narada Michel Walden ("Stop Running Way" e Larry Wiloans ("Good For Love"), trazendo artistas convidados como Earl Klugh, James Ingram, Greg Philinganes e Philip Bailey, do Earth, Wind & Fire. Brenda é autora de 11 faixas, algumas com parceiros, compondo um painel de ritmos variados: do Rhythm n' Blues às baladas e hits dançantes.
Nova-iorquina do Brooklyn, filha de um cantor profissional (que chegou a integrar o lendário Ink Spots) e de uma mãe também compositora e música, aos 12 anos, Brenda se mudou para Toronto com o pai e lá começou a cantar numa banda de blues, formada apenas por meninas, chamadas Tiaras. Antes de sua carreira solo, fez dois discos com seu ex-midler, Brian John. Uma boa escola, sem dúvida.
LITA FORD ao contrário de Brenda é uma cantora que se aproxima do heavy rock, com um repertório também próprio mas de altíssima voltagem sonora, com posto com diversos parceiros e que recheiam sue LP "Stiletto" (Dreamland/RCA-BMG). Produzida por Michael Chapman e acompanhada por Muron Grombacher (bateria), Donnie Nossov (baixo) e David Ezrin (teclados), Lita, belo visual, cabelos longos, chega para disputar uma faixa de público jovem, capaz de aceitar um som rebelde e estridente.
VANESSA PARADIS, com seu jeito terno e meio loliteano, chega com um aval respeitável: em "Variations Sur le Même T´aime" interpreta músicas de Frank Langolff com letras do conhecido Serge Gainsbourg que há 25 anos catapultava em gemidos eróticos (para a época) de "Je T'Aime" à usa então musa Jane Birkin - que acabaria fazendo carreira autônoma. Na pobreza de música francesa que chega ao Brasil - há anos que são raros os discos com os bons intérpretes e autores daquele país (como da Itália) a merecer edições entre nós - não deixa de ser auspicioso que Vanessa traga o encanto do romantismo francês em faixas como "Tendem", "Amour Jamais", "Ardoise", "Ophelie", "Ragrant Delire", todas inéditas. Apenas uma faixa não é assinada por Gainsbourg/Langolff: "Walk on the Wide Side", de Lou Reed.
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