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Aramis

Conheça a pioneira Bessie agora em CD

Nem só de Ella Fitzgerald vive o jazz vocal. São dezenas as cantoras que marcaram a música americana, com interpretações notáveis. Hoje, já chega a uma dezena os CDs que trazem a pureza e perfeição daquela que foi, reconhecidamente, a mais sofredora e pungente das jazz-singers - Billie Holiday. Entretanto, em CDs, desconhecíamos até agora o registro de outra cantora negra, vigorosa e que igualmente teve vida curta: Bessie Smith (1894-1937), vítima de um acidente automobilístico, ao não ser atendida num hospital do Mississipi porque era preta. Herdeira vocal da pioneira Ma Rainey (Gertrude Malissa Nix Pridgett, 1886-1939) - esta, totalmente inédita em gravações no Brasil - e tendo influenciado, entre outras, a Billie Holiday (1915-1959), a grande Bessie Smith pode ser apreciada numa das melhores produções lançadas no ano passado no Brasil: "Mother of the Blues" (Roots/Movie Play). Em 61'42", desfilam 19 clássicas canções gravadas por Bessie entre 1927/29 (apenas duas, "Blue Spirit Blues" e "He's Got me Going", em novembro de 1933) que, com todas as limitações técnicas e chiados que mesmo a moderna tecnologia não pode retirar, transmitem a beleza e a dramaticidade desta voz negra, notável - e que só agora começa a ser melhor conhecida - 54 anos após sua morte. Só este lançamento já mostra a importância do catálogo em CD da Movie Play, etiqueta que, infelizmente, tem tido uma presença tímida no mercado por falta de promoção. Já a Imagem, do bravo Jonas Silva, traz uma antologia ("Golden Hits") de Dionne Warwick, entre as cantoras surgidas nos anos 60, uma das mais afinadas e esplendorosas. Inicialmente identificada pelas canções da dupla Burt Bacharach / Hal David - autores, aliás, da maior parte dos 20 títulos desta seleção, Dionne evoluiu, nos últimos 10 anos, para um repertório diversificado - mas sempre conservando o primoroso bom gosto. Afetivamente em termos sonoros, sua fase de Burt Bacharach é a que mais encanta ainda e para isto a audição deste "Greatest Hits 20" é um banquete completo. Uma veterana cantora, Carmen McRae (New York, 08/04/1922) não teve, infelizmente, ainda o reconhecimento no Brasil. Apesar de uma imensa fonografia e já ter feito algumas temporadas no Eixo Rio-São Paulo, esta cantora que foi esposa do pianista Teddy Wilson (1912-1983) e integrou grandes orquestras - inclusive a de Mercer Ellington - não está entre as vocalistas americanas facilmente reconhecidas pelo grande público. Tem, entretanto, uma personalidade vocal marcante, sofisticação de repertório e categoria que a faz sempre ser requisitadíssima para ambientes de primeira categoria. E foi num dos mais famosos clubes de jazz de NYC, o "Bubba's", que foram gravadas as 11 canções que integram o álbum lançado pela Imagem, agora reprocessado em CD. O repertório é daqueles para fazer o ouvinte sonhar e voar, com standards como "That Old Black Magic", "New York State of Mind", "Send in the Clowns", "My Foolish Heart", "Secret Love", "How Long Has this Been Going On", entre outros.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
03/03/1991

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