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Aramis

As vozes dos poetas

Primeira mão, nacional: tão tímido e arredio de qualquer contato com estranhos, quanto tão grande é a importância de sua obra, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade acaba de gravar uma seleta de suas melhores poesias, que será editada, num álbum duplo, pela Phonogram. Depois de produzir a "Antologia Poética" de Vinícius de Moraes, também um álbum duplo, lançado em fins do ano passado, o produtor Roberto Santana, diretor do setor nacional, sêlo Philips, decidiu levar adiante o projeto ampliado aliás aquilo que Irineu Garcia, hoje residindo em Lisboa, fez na década de 50, através da etiqueta Festa. xxx Suzana de Moraes, filha mais velha de Vinícius, coordena este projeto e graças ao seu relacionamento com os grandes poetas brasileiros, está sendo bem sucedida. Carlos Drummond de Andrade acedeu em documentar para a posteridade seus poemas em sua voz, - num trabalho bem mais amplo daquele feito há 20 anos, na Festa, quando registrou um simples compacto. A seleção dos poemas para os dois elepes foi feita por uma grande amiga de Drummond, que fez o registro, no estúdio da Phonogram, no Rio, cercado da maior discrição, como é de seu feitio. xxx João Cabral de Mello Neto, poeta e diplomata, vai fazer o terceiro álbum da série, a ser gravado, na Nigéria, onde atualmente se encontra. Para 1979, Santana prevê um álbum reunindo Thiago de Mello, amazonense que recentemente retornou ao Brasil é atualmente divide um espetáculo teatral com Sérgio Ricardo ("Faz Escuro Mas Eu Canto", que talvez venha a ser apresentando em Curitiba) e o gaúcho Mário Quintana, que tem em comum com Drumond, além de uma imensa sensibilidade, a grande timidez. Tanto é que embora Quintana seja jornalista do "Correio do Povo", em Porto Alegre, há quase 40 anos, detesta entrevistas e que penetrem em sua vida particular. Aliás, por causa de uma indiscrição do cineasta gaúcho Antônio de Jesus Pfeil, que fez algumas cenas de um documentário em seu quarto de hotel. Mário Quintana foi a justiça e Jesus foi obrigado a destruir os negativos que havia filmado sem o consentimento do poeta. xxx Outro álbum previsto seria com poemas de Augusto Frederico Schmidt, mas para sua realização há necessidade de serem contornados problemas com sua viúva. Nas vozes de atores e atrizes profissionais, será feito um álbum duplo com "Os poetas da Inconfidência" e a atriz Maria Fernanda vai gravar "O Romanceiro da Inconfidência" de sua mãe, a poetisa Cecília Meirelles. Como se vê, o mercado fonográfico está se abrindo para experiências poéticas: a Sigla/Som Livre, também vai entrar no campo, com o disco em que Ferreira Gullar diz o seu "Poema Sujo", musicado por Edu Lôbo. xxx Roberto Santana, 35 anos, 9 de Phonogram, produtor da maior visão (foi ele quem lançou Fafá de Belém, Quinteto Violado. Emílio Santiago e outros nomes nacionais) está na cidade até hoje. Veio Acompanhar Zizzi Patts e Marku, que estão catituando seus primeiros elepes. E Santana ouviu 25 compositores da terra e esta levendo meia dúzia de musicas, inclusive de Celso Pirata ("Malandragem") que vai tentar colocar em alguns discos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
05/05/1978

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