Walmor e aqueles bons tempos da "Última Hora"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de outubro de 1986
Dois aspectos estão dando um diferencial na campanha de Walmor Weiss à Assembléia Legislativa. Em princípio, não aceita, em absoluto, a condição de vaca de presépio das imposições partidárias e embora tenha lealdade e coerência com o PMDB, mostra independência em sua campanha. Tanto é que não se dobrou às tentações de fazê-lo modificar sua mensagem no horário do TRE, na qual aborda a necessidade do legislativo ser renovado por candidatos que tragam novas propostas - fato que, naturalmente, irritou os caciques que há anos, buscam sempre reeleições - e pouco fazem no Poder.
Em segundo lugar, enquanto muitos candidatos destacam em seus (discutíveis) curriculuns, passagens pela luta (até armada) contra o regime militar - sem, aliás, provarem tal passado - Walmor Weiss não quis, demagogicamente, explorar aquilo que se pode chamar de "gigolatagem da contestação". E, se quisesse, Walmor teria muito a dizer, pois como sargento do Exército, em 1964, foi um dos primeiros militares presos políticos em Curitiba, foi processado e amargou mais de três anos de prisão. Ao ser libertado reiniciou sua vida, da forma modesta - inicialmente com uma tenda de frutas no bairro do Bacacheri, depois, com uma velha Kombi, credenciando-se no então nascente serviço de transportes de malotes da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
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A custa de muito trabalho, Walmor construiu uma empresa de transportes que hoje está entre as maiores do País, em sua especialidade - pequenos volumes e malotes. Consciente dos problemas da classe, começou a defender os interesses dos transportadores e acabou na presidência do Sindicato, e ganhando projeção nacional. Poderia se lançar candidato a deputado federal, já que suas propostas e preocupações abrangem inclusive o plano nacional, mas, dentro de uma coerência e para não se comprometer com grupos econômicos, preferiu fazer sua campanha exclusivamente com recursos próprios - ficando, assim, na esfera estadual.
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Quando era diretor social do Clube dos Subtenentes e Sargentos do Exército, o início dos anos 60, o então jovem Walmor Weiss começou a estabelecer os primeiros contatos na área da comunicação e, em 1962, integrou-se a equipe do jornalista Mauro Ticianelli, hoje chefe da Sucursal de O Estado do Paraná em Londrina, que dinamizava, na edição paranaense de "Última Hora", a coluna "Luzes da Cidade", espaço que se abria para divulgar a sociedade e clubes de bairro, até então totalmente marginalizados da imprensa.
Na colaboração com o noticiário social, cresceu o interesse de Walmor pelo jornalismo e, nos inflamados meses de 1963, desenvolveu a convite do então diretor da Sucursal de UH no Paraná, Ary de Carvalho (hoje dono da "Última Hora" e "O Dia", no Rio de Janeiro; fundador e ex-proprietário de "Zero Hora", em Porto Alegre), a coluna "Plantão Militar". E foi justamente pela sua atividade na informação jornalística, cobrindo o setor militar - e em sua condição de sargento da ativa que, com o golpe de 1º de abril de 1964, que o levou à prisão.
Sem mágoas e rancor, Walmor sempre assumiu tudo que fez e até é grato pelo fato de ter sido preso há 22 anos passados. Pois, assim na vida civil, revelou-se um empresário capaz e que ultrapassando apenas aos interesses pessoais, se dispôs a desenvolver um trabalho em favor de seu Estado - o que o fez, agora, a se candidatar ao Legislativo, com amplas chances de ser um dos deputados mais votados.
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Ainda da nostalgia jornalística dos tempos da "Última Hora", cuja sucursal funcionava numa das lojas do edifício Asa - e que, num mínimo espaço físico, reunia uma geração inquieta e criativa da imprensa da época: quatro dos repórteres de setor que ali atuavam, são hoje candidatos nas eleições de 15 de novembro. Walmor Weiss disputa uma vaga na Assembléia Legislativa. Maurício Fruet, que era repórter esportivo (quando também trabalhava na Rádio Emissora Paranaense) busca sua reeleição à Câmara Federal. Enéas Faria e Walmor Marcelino, que eram repórteres do setor policial, são candidatos ao Senado pelo PMDB e Partido Socialista, respectivamente.
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