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Aramis

O mundo amigo de dona Flora

São muitas as mulheres (e homens) do Paraná que escrevem e publicam livros. Mas poucos aqueles que têm uma obra capaz de resistir a uma análise mais rigorosa. Pretensão sobra em muitos ditos "escritores". Em compensação, na modéstia de muitos encontramos momentos inspirados. Flora Munhoz da Rocha é um exemplo de pessoa despretensiosa em seus escritos mas que, pouco a pouco, foi formando uma crônica do quotidiano. Filha de um ex-governador, esposa do maior Estadista que o Paraná já teve - Bento Munhoz da Rocha Neto, tendo sempre vivido entre a política e a sociedade, dona Flora é daquelas pessoas que conservou, entretanto, a arte da observação dos fatos simples, das coisas, das pessoas. E hoje, no outono de sua vida, cercada de carinho de parentes e amigos - e sentindo sempre que o poder continua, direta ou indiretamente ao seu redor - sua filha, Suzana, é a atual secretária da Cultura e Esportes; um de seus genros é o ministro da Previdência Social, Rafael de Almeida Magalhães e uma de suas netas, Renata, é esposa do cineasta Cacá Diegues - dona Flora conserva a simplicidade de quem sempre viveu com sabedoria a cada momento. "Quadros sem Moldura" (C.W.A. Artes Gráficas, 128 páginas), seu novo livro, capa de um de seus netos, Gustavo Munhoz da Rocha Guimarães, é mais uma coletânea das crônicas que dona Flora tem publicado na imprensa. Há 22 anos, no trepidante ano de 1954, quando ela, Primeira Dama do Estado, assistia as comemorações do Centenário da Emancipação Política do Paraná, publicava seu primeiro livro ("Apontamentos"). Dois anos depois, um novo volume - "Crônicas de Domingo" e uma peça teatral, "Três Menos Um", nunca representada. A partir de 1973, ocupando seu tempo livre com a literatura, sua produção adquiriu maior regularidade e assim seguiram-se vários títulos: "O Armazém de seu Frederico" (contos), "Domingo a Gente se Fala" (1975, crônicas), "Ida e Volta" (1976, flagrantes de viagens), "A Beleza de Ser Criança" (1977) e "O Sofá Azul" (1980). No ano passado, um livro de memórias, reunindo preciosas informações sobre o seu marido - "Bento Munhoz da Rocha Netto e a Imagen que Ficou". Em "Quadros Sem Moldura" estão crônicas simples. Daquelas que falam de pessoas amigas, de familiares, do dia-a-dia de uma senhora que observa as coisas com sensibilidade. Dona Flora faz parte de nossa cidade, do Estado - e suas palavras são ternas e espontâneas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
03/10/1986

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