Xiririca
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de março de 1978
Depois de administrar o auditório Salvador de Ferrante por 24 anos, uma das pessoas mais conhecidas do meio artística da cidade está em novas funções: Alberto de Oliveira, o Xiririca, passou agora para a assessoria de comunicações da Fundação Teatral Guaíra. Para a administração do pequeno auditório foi Luís Afonso Burigo, 35 anos, que já vinha cuidando da administração do miniauditório Glauco Flores de Sá Brito.
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Alberto de Oliveira, 65 anos, 48 de teatro, paulista da cidade de Xiririca - o que lhe valeu o seu carinhoso apelido é uma das memórias do teatro paranaense. Desde 1930, que trabalha na administração de companhias teatrais, como ator e, a partir de dezembro de 1954, no Guaíra quando o então governador Bento Munhoz da Rocha Neto, inaugurou o pequeno auditório, oficialmente denominado Salvador de Ferrante - em homenagem ao bravo pioneiro do teatro paranaense - Xiririca ali comparecia todas as noites, sábados e domingos, administrando a sala. Para estar as 24 horas por dia a disposição do teatro, também morava num pequeno apartamento existente dentro da estrutura do Guaíra, com frente para a Rua Amintas de Barros.
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Deixando a administração do auditório Salvador de Ferrante, Alberto de Oliveira - que já por várias vezes mereceu homenagem da classe teatral - passou também para novo endereço: afinal pode concluir sua casa, na Rua Atílio Bório. E no Guaíra permanecerá por mais 4 anos - até a sua aposentadoria, agora ajudando num setor em que tem excelente trânsito: relações públicas e assessoria das companhias que passam pelo Guaíra no que refere a liberação dos espetáculos junto a Censura e ECAD.
O PROFESSOR DA PROJEÇÃO
Uma das maiores dificuldades na exibição cinematográfica é a falta de bons operadores para cuidar das projeções. Inexistem cursos que preparem técnicos para essa importante função e os operadores, geralmente submetidos a puxadas jornadas de trabalhos, ambientes insalubre, tem um aprendizado deficiente, obrigando-se a solucionar problemas da forma improvisada. Um dos poucos conhecedores do setor é Zito Alves Cavalcanti. Com 38 anos de serviço junto a cinemas, 20 dos quais como gerente do Lido, do qual deixou há pouco, hoje Zito é o "médico" que atende todas as cabinas de exibição da cidade. Por isso, não poderia ser dos mais felizes o Sindicato dos Empregados em Empresas Teatrais e Cinematográficas e das Distribuidoras Cinematográficas de Curitiba, em promover, a partir do dia 20, um curso de reciclagem para operadores, amadores ou profissionais, em 16mm, 35mm e superoito. As aulas serão na sala Arnaldo Fontana do Museu Guido Viaro e as inscrições podem ser feitas na Casa Romário Martins.
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Depois de fechado por muitas semanas, aquela sala de exibição reabre hoje, com a proteção de "Rio, 40 Graus", 1954, de Nelson Pereira dos Santos. Considerado marco da renovação do cinema nacional, com Jece Valadão, Glauce Rocha e Grande Otelo, este filme é de revisão obrigatória. No sábado, será exibido "Romeu e Julieta", 1968, de Franco Zeffrelli. Para os dias 1.º e 2 de abril está anunciando "Toda uma Vida", um dos melhores filmes de Claude Lelouch. Que ao contrário do que diz o release distribuído pela Fundação Cultural, não é inédito em Curitiba: foi projeto durante 4 dias no Cine Rivoli, há pouco mais de um ano.
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