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Aramis

007, o herói da eterna sofisticação

O tempo passa e James Bond resiste. O super herói do serviço secreto britânico já seria um provecto sexagenário cidadão, devidamente aposentado, se o produtor Albert R. Broccoli não tivesse, em 1962, tido a idéia que o fez um bilionário do cinema: transformar o personagem das novelas de Ian Fleming num herói que, mesmo sem ter o retrato de Dorian Gray escondido no sótão, mantém a síndrome de uma eterna juventude. Como é possível conservar tanta agilidade, charme e rapidez, 27 anos após a estréia em "O Satânico Dr. No"? A receita é simples: as mais belas mulheres - vilãs ou heroínas; ambientes sofisticados (em cada um dos 17 filmes até agora, sempre houve um intermezzo para, de black-tie, beber a melhor champagne Don Perignon, safra 55, ou o Royal Salut), ação que se assemelha pelos mais turísticos pontos do planeta (até Foz do Iguaçu já foi usado em seqüências de uma das aventuras), e, sobretudo, uma relação de empatia para oferecer ao mais comum dos espectadores, que paga os NCz$ 8,00 de ingresso, após um dia de trabalho e tem a ilusão de, ao menos por 100 minutos, viver aventuras fascinantes, transar belíssimas mulheres e vencer os inimigos que, quase sempre, não se satisfazem com pequenas maldades - mas sim, querem o poder absoluto. "007 - Permissão para Matar", a exemplo de pelo menos dez dos outros filmes da série, pouquíssimo tem de Ian Fleming. Se no início ainda havia os romances do escritor inglês para basear as aventuras, pouco a pouco ficaram apenas os personagens Bond e seu chefe "M" - cabendo aos roteiristas criar as ações. Sean Connery, hoje aos 58 anos, um ator consagrado (Oscar há 2 anos por "Os Intocáveis", o pai de Indiana Jones em "A Última Cruzada", que continua em exibição no Lido I), foi o melhor dos Bonds. Um ator australiano não passou de uma experiência e Roger Moore, outro inglês, aposentou-se do personagem há 4 anos. Agora é Timothy Dalton que vive 007. Em "Permissão para Matar", o roteiro de Michael Wilson / Richard Pevsner não poderia estar mais atualizado: Bond enfrenta a Máfia dos tóxicos, que, na realidade, é ainda mais perigosa (vide o caso da Colômbia, nesta semana), do que Franz Sanchez (Robert David), o chefão dos narcotóxicos que assassinam amigos de Bond e provoca a sua ira. Richard Maibaum já colaborou no roteiro de 12 filmes da série e para este buscou algumas idéias de Fleming em seu romance "Viva e Deixe Morrer" e nos contou "The Hildebrand Rarity" e "Somente para seus Olhos" - textos que também já tiveram outras adaptações. James Bond além de enfrentar os traficantes de tóxicos, tem outra missão - esta bem local - fazer com que o público, ausente das salas de exibição nos últimos meses, retorna ao menos no Condor nas próximas semanas. xxx "007 - Permissão para Matar" (Licence to Kill), 1988/89, de John Glen; música de Michael Kamen; efeitos especiais de John Richardson. Elenco: Timothy Dalton (007), Carey Lowell, Roberto Davi, Talisa Soto, Anthony Zerbe, Franck McReae, Pedro Armendariz Jr., Priscila Barnes e Diana Lee-Hsu. No Cine Condor, às 14, 16, 18, 20 e 22 horas. LEGENDA FOTO - James Bond, 17 filmes em 27 anos (a partir de "O Satânico Dr. No"): agora o herói é vivido por Timothy Dalton.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
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1
02/09/1989

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