Amigos ouvintes, os vereadores falarão!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1985
Quando a Câmara Municipal de Curitiba reiniciar as sessões plenárias, a partir de março, é possível que as atividades dos ilustres vereadores possam ser acompanhados com maior atenção pelos milhares de eleitores que, afinal, os conduziram ao Poder Legislativo. Uma das idéias debatidas pelos peemedebistas, durante reunião do prefeito Maurício Fruet com a bancada, na semana que antecedeu a eleição da nova mesa diretora, foi a de não só permitir, mas estimular, a transmissão radiofônica das sessões do Legislativo Municipal. Essa proposta aliás, consta do até agora misterioso (poucos tiveram acesso ao texto) documento firmado pelos vereadores naquele encontro e é colocado como "um meio a mais de democratização da Câmara para a cidade".
Até hoje, só em ocasiões especiais é que as estações de rádio e televisão têm se interessado em fazer a cobertura dos plenários da Câmara Municipal da Assembléia Legislativa e mesmo do Congresso Nacional. No ano passado, o escândalo dos dólares, envolvendo os secretários das Finanças (Erasmo Garanhão) e Planejamento (Belmiro Valverde Jobim Castor), ao chegar ao Legislativo, com a presença dos dois secretários, motivou sessões de alta temperatura, documentadas em som e imagem, e chegando a todo o Paraná.
O acompanhamento regular das sessões da Câmara de Curitiba, regimentalmente entre 16/19 horas, até hoje não constituiu pauta de maior interesse das emissoras, embora todas com freqüência basicamente municipal. Fato que deveria interessá-las mais em saber como se comportam os vereadores. Agora, com o estímulo que a Câmara se propõe a dar - talvez arcando, inclusive, com parte dos custos operacionais - algumas emissoras, decerto, vão se habilitar. A primeira que demonstrou interesse foi a Rádio Cultura do Paraná, prefixo que o deputado Ervin Bonkoski vendeu, há 2 anos passados, para o bilionário Bento Chimelli, dono também do jornal "Folha de Curitiba".
O vereador Horácio Rodrigues, novo presidente da Câmara de Curitiba, tem a maior simpatia pelo rádio. Tanto é que até há algumas semanas namorava a compra da Rádio Globo, num romance que só não encontrou, ainda, um final feliz, porque o pai da noiva, o proprietário do prefixo, o locutor Rogério Wolff dos Santos, estabeleceu um dote muito alto: um bilhão de cruzeiros. Mesmo apaixonado, Horácio não foi a tanto: seus padrinhos pareciam dispostos a bancar despesas até Cr$ 650 milhões, mas a diferença inviabilizou - ao menos temporariamente - o negócio.
Até ontem, Horácio Rodrigues só havia feito uma nomeação para os cargos de confiança: o jornalista e radialista Pedro Washington de Almeida é o novo chefe-de-gabinete da presidência. Profissional dos mais conhecidos nos meios de comunicação, ex-sócio de Carlos Cecy numa rádio de Cascavel, Pedro Washington montou, há quase dois anos, um referencial livro sobre as eleições no Paraná em 1982. Integrado ao PMDB, assessor legislativo, Washington, que durante muitos anos foi um dos principais locutores da Independência, está agora na Câmara, disposto a ajudar Horácio Rodrigues fazer uma administração renovadora, em todos os sentidos.
Ontem, ao meio-dia, Horácio reuniu jornalistas, radialistas e profissionais de televisão, numa churrascada, para expor suas idéias e salientar, mais uma vez, o caráter democrático que pretende dar à sua administração. Animação não lhe falta: além da presidência da Câmara significar muito poder, em 1986, com a desincompatibilização de Maurício Fruet, quando disputa eleição majoritária, Rodrigues será prefeito de Curitiba. Um sonho de muitos anos.
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