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Aramis

Aqueles tempos dourados com imagens de sonhos nas telas

O Sr. Felipe Fiorilo, 71 anos, desde 1962 residindo em Curitiba, surpreendeu-se quando o seu amigo Ismail Macedo, 67 anos, um castrense pioneiro da cinematografia no Paraná, lhe comunicou ontem que o cine Plaza havia fechado há menos de dois meses. Fiorino, filho de um pequeno banqueiro dos Campos Gerais - Vicente Fiorilo (1879-1958), foi quem se uniu em meados de 1956 ao fazendeiro Rivadavia Menarim, ao açougueiro Estefano Rudeck e a Gastão Negrão - estes dois já falecidos - para fundar a Comercial Castrense S/A acreditando no ramo da exibição como um bom investimento. O grupo adquiriu uma ampla área na Praça Manoel Ribas e ali construiu um prédio de quase mil metros, com projeto do arquiteto Rubens Meister - que sempre foi um entusiasta em planejar cinemas e teatros - para o moderno cine Plaza, mil poltronas, tela panorâmica, som estereofônico, inaugurado em setembro de 1958 com "O Manto Sagrado" (The Robe, 1953, de Henry Koster), produção da Fox - primeiro filme rodado em Cinemascope (em Curitiba, lançado no cine Avenida, em 1954). A época era propícia ao cinema e, por alguns anos, o Plaza teve a melhor freqüência de Castro, numa concorrência com o Marajá, construído pelo fazendeiro Dario Macedo (1879-1981) e seu genro Luís Prata Mestre (1897-1991) - inaugurado em 14 de dezembro de 1949. Dario Prata Mestre, 57 anos, filho de Luís, lembra que o cinema foi aberto "com uma programação eclética que lotava várias sessões" (*). Em 1961, a Orcopa - Organização de Cinemas Paraná Santa Catarina - que tinha Ismail Macedo como superintendente, associou-se a Dario e "Lulu" Prata Mestre, programando a sala até julho de 1965, quando a empresa se desfez - vendida ao ponta-grossense Jorge Ajuz, que, dois dias depois negociaria o circuito com o grupo baiano-paulista Verde Martinez. O Plaza, moderno, com as novidades da época - Cinemascope e som estereofônico - representou uma dura concorrência ao Marajá. O Plaza entretanto, não foi um negócio tão estimulante quanto esperavam seus fundadores, que ainda no final dos anos 50 o transferiram - incluindo o imóvel - para o médico Ivan Fadel. Por não ser do ramo viria a arrendá-lo, em 1966, para Raimundo Gaião Feijó (1929-1978), que desde a infância estava ligado a exibição, pois na cidade de Tangará, SC, seu pai, Antônio (1889-1955) havia instalado o primeiro cinema da região, o América. O irmão mais novo, Railileu, 35 anos, anos depois montaria o cine Jubileu, em Canoinhas, que cerrou suas portas há 4 meses - o que levou a se dedicar, atualmente, apenas à lanchonete Varanda. Em Castro, após a morte de Raimundo, seu irmão, Rainilto, 45 anos, "com grande esforço e amargando prejuízos" manteve o cinema em funcionamento até o final de novembro. Com dois projetores Simplex, mil poltronas e num edifício central, o cinema poderia se transformar num cine-teatro para a cidade - mas até agora o prefeito Reinaldo Cardoso ainda não se animou a encampar esta idéia. Caso contrário, logo o proprietário do prédio transformará o local em mais um supermercado ou grande loja. Mesmo destino que teve o antigo cine Marajá - hoje o prédio é propriedade do empresário Cláudio Kluger, concessionário da GM em Castro. Nota (*) Inaugurado numa quarta-feira, 14/12/49, com a comédia "As 3 Filhas Levadas", produção da MGM com Jeanette MacDonald, Jane Powell e José Iuturbi, o Plaza apresentaria na primeira semana "Quando Vence o Coração" (Paramount), "Quando Sorri o Amor" (Fox) e "Numa Ilha com Você" (MGM) - acompanhados do seriado "O Tesouro dos Piratas".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
10/01/1992

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