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Aramis

Aventuras cinematográficas do audacioso William Boyd

O nome lembra um cowboy, daqueles heróis de seriados da Republic: William Boyd. E, realmente, William Boyd, 38 anos, tem muito de espírito aventureiro - ao menos no que deixa passar em seus livros. Nascido em Acra, Gana, estudou nas universidades de Nice, Glasgow e Oxford. Seu primeiro romance, "A Good Man in Africa" venceu em 1981 o WhiteBread Prize e em 1982 o Somerset Maugham Award. O segundo, "A Guerra do Sorvete", foi vencedor em 1982 do John Llwleyn Rhyz Prize e finalista do Booker Prize. Publicou também uma coleção de contos intitulada "On the Yankee Station". Agora, a editora Rocco, que já havia editado seu "A Guerra do Sorvete" (The New Confessions, 1988), no qual, como diz o editor, consegue uma proeza fascinante: "aprisiona um filme inteiro entre as páginas de um livro". Melhor explicando: ao optar por narrar detalhadamente como o cineasta John James Todd dedicou-se à obsessão de sua vida - filmar "As Confissões", de Rousseau, que leu enquanto prisioneiro de um campo alemão durante a I Grande Guerra - Boyd envolve o leitor de tal maneira, que ele passa a participar do épico não existente, acompanhando seu processo, como se ele se desenrolasse à sua frente. Assim, exigente ao extremo, detalhista, o picaresco Todd conclui a primeira parte do que programa ser uma trilogia cinematográfica, quando o som já chegou às telas. A perfeição que atingiu, então, em sua obra prima do cinema mudo, não representa mais o ápice da sétima arte, mas uma curiosidade que o tempo tornou obsoleta. Não é o único revés numa vida de amores frustrados e busca de ideais elevados, a partir de situações insignificantes, esmiuçadas com delicadeza e humor por Boyd. Um dos narradores mais sólidos de sua geração, Boyd revela-se em "As Novas Confissões", capaz de misturar à perfeição personagens consistentes, filosofia, anedotário e imaginação, e se sair com uma prosa encantatória. Mesmo sendo ficção, "As Novas Confissões" tem um especial sabor para os cinéfilos. A narrativa sobre o imaginário cineasta escocês John James Todd o faz lembrar a sua penosa iniciação ao cinema no apogeu da República de Weimar, da deportação e exílio no México, às invasões dos aliados em Saint Tropez, e, finalmente, aos negros dias do Macartismo em Hollywood. Talvez retratando aspectos de cineastas que realmente existiram, William Boyd recria um personagem que passeia, como coadjuvante ou protagonista pelos principais acontecimentos das primeiras décadas do século XX. O livro foi traduzido por Valdéa Barcelos, 640 paginas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
19/01/1991

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