Benson, o guitarrista de jazz que também vocaliza
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
Quem curte o jazz instrumental, de forma meio conservadora, não perdoa a George Benson (Pittsburgh, Pennsylvania, 22/03/1943), por ter , há dez anos, a partir de seu álbum "Brezin", vencedor do Grammy, ter extrapolado também para o canto. Afinal, Benson havia surgido nos anos 60 como um dos mais brilhantes guitarristas, inovador e cheio de idéias, e assim a sua abertura para o vocal e temas puxados para o rock, o fizeram merecedor de muitas críticas. Em compensação, ganhou uma ampla faixa jovem, que desde então vem consumindo vorazmente suas gravações.
Afinal, ele foi o primeiro músico de jazz a ganhar um disco de platina, encabeçando simultaneamente as paradas pop, rhythm & Blues e jazz. E, logicamente, ficou nesta diversificação, freqüentando as listas dos mais vendidos.
Justiça seja feita: embora tenha surgido como guitarrista, George Benson sempre cantou. sua biografia revela que aos 6 anos recebeu o seu primeiro prêmio como cantor. Só um ano depois seria introduzido à guitarra pelo padrasto e nunca mais se separou do instrumento. Até entrar para o grupo do organista Jack McDuff, no início dos anos 60, Benson tocou de tudo um pouco. Logo ele começaria a se destacar nos meios jazzísticos e, a partir de 1964, liderando seu próprio conjunto - e mostrando positivas influências de músicos como West Montgomery e Charlie Parker. Mas foi "Brezin" que marcou a reviravolta em sua carreira musical - deixando para trás aquela época marcante de clássicos como sua releitura de hits de Lennon/McCartney/"Other Side of Abbey Road"), ou "Spirituals to Swing, 30th Anniversary" (Columbia) - dois de seus álbuns mais marcantes.
Agora, podemos, ouvir um novo disco de Benson ("While The City Sleeps...", Warner), com produção e arranjos de Narada Michael Walden nas faixas "Kisses in the Moonlight:, "Shiver", "Love Is Here Tonight", "Teaser" e "Too Many Times".
O repertório alterna funks de forte apelo com baladas românticas. Entre os primeiros, um dos destaques é "Shiver", contando com um inventivo solo na guitarra acoplado a outra de suas marcas, os vocais em scatting. O cantor-guitarrista volta a esbanjar força em outro funk - "Teaser", onde além da bateria de Narada Walden participam os músicos do grupo Pablo Cruise, o tecladista Cory Le Rios e o guitarrista David Jenkins. Baladas como "Kisses In The Moonlight", "Too Many Times" e "Love Is Here Tonight" trazem um lado mais suave de Benson. Os solos de scatting e a guitarra em "Love Is Here Tonight", por exemplo, mostram que Benson continua a explorar e descobrir novos caminhos dentro de sua linha musical.
Não é um elepê de jazz, dentro dos cânones tradicionais. Mas é um compositor, instrumentista e vocalista competente fazendo música moderna e de grande comunicação.
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