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Aramis

Bom astral de Carlinhos para reerguer(?) o Paiol

A surpresa foi total. Nem Paquito, há um mês na administração do Paiol, nem os amigos que Carlinhos Vergueiro tem em Curitiba e muito menos o próprio artista esperavam. Aconteceu, felizmente! Como nos bons tempos, o Paiol teve casas lotadas no sábado e domingo, para aplaudir o espetáculo de Vergueiro, ao violão, sua simpatia e canções das mais agradáveis. Há 10 anos que Vergueiro não vinha a Curitiba e de sua última apresentação no Paiol não guardava boas lembranças: quando ali esteve, na estréia havia apenas 7 espectadores, um deles a bela Laurita Costa Rosa, hoje feroz peemedebista, diretora de Rendas Imobiliárias da Prefeitura e que pelo entusiasmo que tem por Carlinhos, interrompeu sua militância política para, nas duas noites, comandar uma merecida claque ao artista. xxx Há muito e muito tempo que o Paiol não apresentava um espetáculo de boa música popular. Apesar de existirem dezenas de compositores-intérpretes, grupos instrumentais e vocais que teriam naquele teatro o seu grupo ideal (como era no passado) a política populista que a diretoria da Fucucu imprimiu fez com que o Paiol se esvaziasse culturalmente, somente a disposição de Vergueiro em vir a Curitiba o levou a aceitar as (humilhantes) condições dadas pela Fucucu - uma passagem aérea (quando pediu duas, sugeriram que deveria vir de ônibus) e mínima ajuda de custo. Como está disposto a abrir espaços, especialmente com esperanças de que o seu próximo disco - comemorativo aos 15 anos de carreira - alcance repercussão, Vergueiro aceitou e não se arrependeu: um público entusiasta, no sábado, o emocionou - e na hora em que homenageou seu amigo e parceiro Paulo Vanzolini, 64 anos, "Ronda" e "Volta por Cima" tiveram um coral afinadíssimo, comandado por Evanira dos Santos, 47 anos, uma das mais belas vozes do Paraná, fã de Vergueiro e que, pagando ingresso, fez questão de aplaudi-lo. xxx Paquito (Francisco Modesto), 41 anos, 28 de inquietações artísticas e que em três décadas de procuras subiu aos céus e desceu aos infernos nas veredas da realização, é hoje o esforçado diretor do Paiol. Sensível e inteligente, com experiências em várias áreas, Paquito fez um bom trabalho no TUC (ali introduzindo a "Canja da Viola", valorizando os artistas sertanejos) e se tiver o mínimo apoio dos donos do poder cultural do município por certo poderá fazer com que o paiol volte a ter uma programação decente. Nesta quarta e quinta-feira, o Quinteto Violado - que ali já fez tantas apresentações no passado - volta a mostrar a sua música de raízes, numa resistência de 17 anos, quase tão grande quanto o próprio Paiol, inaugurado em 27 de dezembro de 1971. Paquito tem recebido telefonemas de muita gente boa da MPB (ainda no sábado, Tunai, irmão de João Bosco, o procurou) - interessados em aqui se apresentar. Há público, o Paiol é um espaço ótimo e não é difícil fazer uma boa programação. Basta para tanto que não haja a demagogia populista, odienta, dos donos da Fucucu que, em nome de uma "deselitização" (sic), fizeram com que o Paiol fosse conduzido a um estado de coma cultural desde a administração de Maurício Fruet. Mas milagres podem acontecer e, mesmo antes das eleições, pode ser que o Paiol volte a funcionar. É a esperança, ao menos...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/05/1988

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