Brasil fora dos guias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de março de 1978
O conceito do Brasil anda por baixo, em termos de cinema e música, na Inglaterra. Ao mesmo, no que se refere aos recenceamentos feitos nos respeitados "Internacional Filme Guide" e "Internacional Music Guide", edições referentes a 1978, colocadas a venda nas livrarias da Inglaterra e Estados Unidos nas últimas semanas do ano passado. Guias de referência indispensável a quem se interessa em acompanhar o que acontece no cinema e na música, os dois guias não trazem, entretanto, a maior referências ao Brasil.
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O "Internacional Film Guide-1978" (533 páginas, (") 3,25 ou s6,95), editados por Peter Cowie, faz uma levantamento relativamente completo do que ocorre, nos últimos 12 meses em 41 países, incluindo mesmo países como Bangadlesh e Sri Lanka, mas, passando ao largo do Brasil. Da América do Sul, houve páginas dedicadas aos cinemas argentinos, colombiano, uruguaio e venezuelano. Como faz desde 1964, o Guia aponta também, os cinco "Directors of the Year", considerando suas obras. Neste guia-78, são citados neste quadro os cineastas Claude Coretta (Suiça, 49 anos), que o público brasileiro conhece apenas pelo excelente "O Convite" (L`Invitation), 73, mas que realizou posteriormente os elogiados "Pas Si Mechant Que Ca" (75) e "The Lace-Maker"(77, em cartaz em Londres); o cineasta King Hu (Hu Chin-Ch`Uan, Pekin, 47 anos), é totalmente deconhecido no Brasil, mas já realizou 10 longas-metragens a partir de 1963; Vicente Minelli (Chicago, 68 anos), é o mais conhecido cineasta dos cinco mencionados no guia: mestre do cinema musical, sua filmografia inclui 34 importantes obras, a partir de 1943, tendo reaparecido em 77, dirigindo sua filha, Liza Minelli em "a Matter of Time"; Michael Ritchie (Wisconsin, EUA, 39 anos), 6 longas-metragens, ainda, pouco conhecido no Brasil, assim como o quinto "diretor of the year", escolhido pelo Film Guid, o espanhol Carlos Saura, 46 anos, 12 longas-metragens, um único exibido no Brasil ("Ana e Os Lobos", 1973), e que, em Curitiba, foi projetado numa única noite, às 24 horas, no Cine Astor. Mas que está, sem dúvida, entre os mais importantes filmes desta década.
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O "Internacional Music Guide-78", editado por Derek Elley (304 páginas, (") 3,25 ou s 6,95), faz um levantamento do movimento musical em 20 países, mas não inclui nenhum da América do Sul. Também, este guia escolhe "músicos do ano", neste caso, com nomes dos quais poucos se ouviu falar entre nós, mas cuja obra justifica os destaques: Alfred Brendel (Moravia, 1931), Ileana Cotrubas (Rumenia, 1939), James Levine (Cincinatti, Ohio, EUA, 1943) e Miklós Rózsa, (Budapest, 1907), este mais conhecido, principalmente devido as trilhas sonoras que criou para superproduções, inclusive, "Bem-Hur" (1959, de Willyam Wyller), em reprise, nesta Semana Santa, no cine Ribalta.
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Por que o Brasil ficou fora destes dois guias tão importantes? Será que a nossa música e, especialmente, o badalado (e premiado) cinema que aqui se faz não justifica sequer uma página destas obras de referências? Perguntas aos editores Peter Cowie e Derek Elley?
EXPOSIÇÃO DE CELSO FILHO
Celso Filho, mineiro da Zona da Mata, é daquelas pessoas que gosta de viver intensamente todos os momentos. Seus 48 anos trazem a marca de muitas experiências e várias profissões. Bacharel em Ciências e Letras, já foi decorador, bailarino, coreógrafo, ator e hoje, em Curitiba, é dono de um bar, mas lhe sobra tempo para se dedicar á pintura. E vai mostrar do que é capaz de fazer com os pincéis e tintas a partir do dia 29, numa individual que a bela Sandra Helena Larsen organizou para a galeria SH316 (Rua Ébano Pereira, 316).
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Depois de ter trabalhado como decorador de interiores no Rio e São Paulo, Celso Filho passou 10 anos na Europa e África, fixando-se por 3 anos em Lourenço Marques, capital da ex-província de Moçambique. Ali começou a fazer seus quadros, retratando o Brasil com suas alegorias, baianas, casarios, Carnaval, "enfim tudo aquilo que mais me dizia na memória". Em 1965, a convite do Centro de Portugueses de Além-Mar e com apoio do Itamarati, expôs no Palácio da Cultura, no Rio. No Exterior, chegou a participar de mostras em Lisboa, Madri, Casablanca. Tanger, Rodésia, Congo Belga e Angola.
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Agora, mostrando trabalhos mais recentes, ao lado de telas inspiradas com a temática africana, Celso expõe na galeria SH316, numa individual que Sandra Helena justifica como comemorativa ao "Ano Internacional da Cultura Negra", e que abre seu calendário de atividades em 78.
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