Calil, aquele que sabe segredos da sociedade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de junho de 1990
Mais do que o colunista social que à 32 anos mantém, ininterruptamente, um dos espaços de prestígio na imprensa curitibana dentro do segmento classe "a" a que se destina, Calil Simão é daquelas pessoas que, dono de uma memória privilegiada, capaz de reter os menores detalhes, conhece como poucas o outro lado da chamada high society.
A convivência com o caviar e a champagne - hoje, nestes tempos coloridos, substituída por queijo e vinho nacional nas festas cada vez mais emagrecidas - fez de Calil um arguto observador do comportamento do curitibano. Pena que até agora, dentro de sua própria visão do mundanismo que frequenta, Calil não tenha, ainda, se animado a colocar em papel, com o estilo que o caracteriza, uma visão mais profunda da sociedade. Pois, por certo, espectador privilegiado, fontes da mais alta confiança - ele próprio testemunha ocular da transformação social porque [pela qual] passou Curitiba (e o Paraná) nas últimas quatro décadas, o fariam autor de um best-seller ao menos em termos regionais.
Filho de libaneses, orgulha-se de que seu pai, o comerciante Rezala Simão (1895-1975) ter sido um dos primeiros árabes a chegar ao Brasil, neste século, não como imigrante mais [mas] sim como turista. Filho de uma rica família libanesa (seu avô, também chamado Calil, chegou a ser prefeito de Beirute) o jovem Rezala veio por razões do coração: havia visto uma foto de uma jovem, Rosa, e foi paixão ao primeiro olhar. Animou-se em fazer a longa viagem pelo mar e um amigo, José Surugi, o acompanha na aventura. Chegou em São Paulo, conheceu pessoalmente Rosa mas o dote do casamento foi a decisão inabalável de não sair do Brasil. Assim, Rezala e Rosa estabeleceram-se na Rua 25 de Março, em São Paulo - "defronte a sede antiga do jornal "O Estado de São Paulo" recorda Calil, que ali nasceu em 28 de maio de l930. Alguns anos depois vieram a Curitiba, a passeio. A pequena cidade encantou os Simão e a decisão de aqui permanecer foi instantânea. Também o amigo Surugi gostou de Curitiba e aqui ficou. Ambos prosperaram em seus negócios. Surugi, inclusive, com muita visão para transações imobiliárias adquiriu uma grande área "na época distante do centro e que viria a se tornar o Batel" lembra Calil, que, aos 15 anos ganhou o seu primeiro automóvel e recorda:
- A cidade acabava na Rua Buenos Aires. Dali para a frente já era zona rural.
Começando a escrever no jornal "Diário da Tarde", em 1958, Calil passou mais tarde para o "Correio do Paraná" e "Diário Popular" - ambos editados por seu amigo Abd Aref Kudri. Há seis anos, Odone Fortes o convidou para o "Jornal da Indústria e Comércio". Ultrapassando ao meio social tupiniquim, Calil estabeleceu contatos em outros eixos - Rio-São Paulo-Espírito Santo e assim, sua coluna, embora basicamente social, é sempre recheada de nomes de outras capitais - o que tem valido uma circulação dirigida do JI&C em outros estados.
Hoje, como faz anualmente, no Graciosa Country Club, Calil estará recebendo 700 convidados para um jantar black-tie, com orquestra e muita sofisticação.O número seis da revista que vem produzindo, a "Sucess" - ele que no passado teve outras publicações,inclusive a "Planalto", com direção de Nelson Farias de Barros - deveria circular hoje, em edição de 140 páginas a cores. O editor chefe, o veterano Emilio Zola Florenzano, ex-"Diário do Paraná", ex-"Jornal do Brasil", decidiu, entretanto, adiar o lançamento para incluir um caderno especial com a cobertura da festa dos 32 anos de colunismo de Calil.
LEGENDA FOTO - Calil Simão: 32 anos de colunismo social
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