A Câmara de Curitiba deu, na tarde de segunda-feira, 13, uma demonstração de honradez e trabalho. Ao intimar a sra. Lucia Camargo, presidente da Fundação Cultural de Curitiba, para ali comparecer e explicar várias irregularidades em relação a atual administração, os vereadores que apoiaram a iniciativa do vereador Angelo Vanhoni (PT) mostraram que acima de siglas partidárias estão preocupados em dignificar os seus mandatos e fazer com que o legislativo municipal cumpra uma de suas principais funções: fiscalizar o poder executivo e, representando a população que os elegeu, cobrar transparência, clareza e, sobretudo, honestidade e competência dos homens e mulheres que o prefeito Jaime Lerner escolheu para formar a sua equipe nesta terceira gestão. Num clima de respeito, ordem e disciplina, sob a presidência segura do vereador Mário Celso, a sessão durou três horas e foi das mais produtivas. A sra. Lúcia Camargo teve oportunidade de tentar explicar as atitudes que vem tomando na direção da Fundação Cultural (ex-Secretaria Municipal de Cultura) e que tem merecido constantes questionamentos, não só da nossa parte, mas por vários segmentos da comunidade - e assumidas críticas da imprensa. Democraticamente, a convite da mesa diretora também estivemos presentes, reafirmando as críticas e denúncias que, leal e francamente, sempre aqui fizemos. A secretária de Formação Política do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba, sra. Solange Maria Rodrigues Leite - também funcionária da Fundação, igualmente compareceu como convidada, levantando a questão da demissão de cinco funcionários da Cinemateca do Museu Guido Viaro - que mesmo com a posterior readmissão de Francisco Alves dos Santos não se encerra. Tanto é que o SISMUC continuará na luta para que Francisco seja reintegrado a Cinemateca, no cargo que ocupou por 15 anos e cujo afastamento não foi justificado por Lúcia Camargo. Ao contrário, vários vereadores - entre os quais Marcos Isfer (PFL), Doático Santos (PMDB), Zélia Passos (PT) e especialmente Angelo Vanhoni fizeram questionamentos profundos - aos quais a presidente da FUCUCU respondeu com evasivas - em torno de uma simples questão: por que só agora, dois anos e cinco meses após a posse da atual diretoria, foram constatadas as alegadas incompatibilidades e a "ditadura estética" exercida por Francisco Alves e sua equipe, razão, segundo a sra. Camargo, determinante da decisão arbitrária, ilegal e violenta ocorrida no dia 24 de abril - e a qual a diretoria já foi obrigada a rever? Com a independência e destemor que o faz um dos mais respeitados vereadores na atual legislatura, Angelo Vanhoni foi mais além: caberia a direção da FCC agir de forma enérgica, abrindo inquérito administrativo, punindo conforme a lei prevê, se realmente os funcionários atingidos recusavam-se a cumprir as determinações, não faziam jornadas de trabalhos regulares de trabalho e cometiam outras falhas graves. O vereador Mário Celso, que no dia 3 de maio já havia encaminhado pedido de informações sobre as violências cometidas pela assistente social Celise Niero contra a Associação dos Pesquisadores da Música Popular Brasileira, no dia 7 último, através do novo pedido de informações, exigiu informações amplas e detalhadas sobre as demissões. Dois destes demitidos - o videomaker Willy Schurmann e a psicóloga e pesquisadora Clara Satiko Kano, compareceram a sessão, acompanhando os debates. Dois funcionários demitidos anteriormente tiveram o ato cancelado por terem mandato sindical - Geraldo Pioli e Sandra Borne. Assim, mesmo com a tentativa de justificar as demissões, Lucia Camargo não convenceu os vereadores. Além de ter que responder, oficialmente - e com dados precisos - o pedido de informações do vereador Mário Celso - O Sindicato dos Servidores Municipais se mantém alerta, acompanhando e denunciando mais esta mostra de arbitrariedade.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 20

Data: 15/05/1991

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