Carreras canta o melhor do cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de junho de 1985
Ao invés de "Love Is...", o novo disco de José Carreras poderia chamar-se "o grande tenor interpreta o melhor do cinema". Realmente, poucas vezes clássicos temas de filmes - mais canções nascidas em musicais da Broadway - ganharam intérprete tão gabaritado como este tenor espanhol, hoje um dos virtuoses do canto lírico.
A exemplo do que fazem seus contemporâneos [Plácido] Domingo e Luciano Pavarotti, Carreras, 37 anos, não tem preconceitos em gravar canções populares. Afinal, no passado, Caruso, Gigli, Schipa, Tagliavini e Di Stefano também registraram canções populares italianas - como ainda agora fez Pavarotti no belíssimo "Mamma", com arranjos e regência de Henry Macini (London/Polygram).
Só que ao contrário do que fez Plácido [Domingo], resgatando boleros e canções populares espanholas, Carreras, acompanhado por Roberto Farnon e orquestra, preferiu um repertório de standards consagrados pelo cinema.
Assim, dá uma nova leitura de temas eternos como "As time goes by" (de "Casablanca"); "Love is many-splendoured thing" (de "Suplício de uma saudade"); "The way we were" (de "Nosso amor de ontem"); "My own true love" (de "E o vento levou"); "The shadow of your smile" (de "Adeus as Ilusões"), "The summer knows" (de "Houve uma vez um verão"); aos quais juntam-se hits dos musicais "West Side Story" (Tonight), "Cats" (Memory) e "The man of la Mancha" (The Impossible Dream), além de três standards: "Because you're mine", "Tenderly" e "My way".
Com sua voz perfeita, arranjos modernos de Farnon, esta gravação feita em dezembro de 1983, em Londres - e agora editada no Brasil - é seríssima candidata a figurar entre as melhores do ano. Provando que não há fronteiras entre o lírico e o popular. É só uma questão de momento certo para ouvir um ou outro.
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