Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de março de 1974
Uma reprise no cine Marabá - << Amargo Pesadelo >> << Delivrance 72) se afigura como um dos mais importantes programas desta semana, de re(visão) obrigatória , em especial para os que se interessam pelo cinema político que os cineastas mais conscientes fazem atualmente nos EUA. Assim com John G. Avidesen fez no maravilhoso << Sonhos do Passado >> uma análise visceral dos conflitos existências de um empresário de meia idade, repentinamente sacudido em suas estruturas morais/emocionais, << Delivrance é uma análise do comportamento de um grupo de homens reunidos num fim-de-semana e, inesperadamente, face a fato que alteram/rompem o seu modo de encarar as coisas, sua visão familiar e de seu universo efetivo. A violência que caracteriza certas seqüências de << Amargo Pesadelo >> não é gratuita, cada seqüência traz uma dura realidade, chagando quase como um saco no olho do espectador mais sensível. Quem pode condenar o comportamento de Ed (Jon Voight ), Lewis (Burt Reynolds), Bobby (Ned Beatty) e Drew Ronny Cox), procurando o << desligamento >> da sociedade urbana dos problemas do dia-a-dia, numa pastoral pescaria e que de repente chocam-se com uma brutal realidade numa violência quase surrealista da parte de dois montanhêses (Billy McKinney/Herbert Coward), cujas presenças alterariam todas suas vidas. Pelo impacto de cada cena, pela seriedade do que Boorman (foto) propõe << Delivrance >> é um filme que merece ser re(visto) com atenção, confirmando o talento e profundidade que Boorman demonstrou em suas fitas anteriores: do policial << A Sangue Frank >> (Point Blank, 67) ao lírico << Príncipe Sem Castelo >> (Leo, The Last, 1971). Uma oportuna e excelente reprise.
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