Courtney, a revelação
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de junho de 1988
"Coração Satânico" não foi apenas um cult-movie pela sua notável estrutura fílmica (agora possível de ser melhor reavaliada em vídeo selado), mas por trazer na trilha sonora os improvisos de Courtney Pine, considerado a maior revelação do sax tenor nos últimos meses. Trevo Jones, criador da sound track de "Angel Heart" soube aproveitar na sua banda sonora (aqui editada pela WEA) a intensa força musical de Pine, um inglês de 23 anos que vem sendo considerado o mais legítimo sucessor de John Coltrane (1926-1967), assumidamente seu maior ídolo.
Agora, a arte de Courtney Pine pode ser melhor apreciada com a edição de "Destiny's Song and The Image of Persuance" (WEA), que, dependendo da aceitação poderá estimular também a futura prensagem de seu primeiro LP ("Journey to the Urge Within", lançado em 86 na Inglaterra).
Ao lado de jovens saxofonistas como Brandford Marasalis, Terence Blanchard e Donald Harrison (por coincidência, com seus novos discos lançados agora no Brasil), Courtney integra-se a um grupo de garotos prodígios do novo jazz que se propõe a recuperar o jazz clássico dos anos 50/60, personificado em ídolos como Wayne Shorter, Sonny Rolins, Miles Davis e, especialmente, Coltrane. Com temas próprios, em longas faixas, (ultrapassando os 50 minutos de duração total), Courtney presta uma homenagem a Monk, com uma leitura , exclusivamente em solo de sax, do clássico "Round Midnight" - no qual, sem acompanhamento, mostra toda a potencialidade deste marco maior do jazz. Courtney Pine é (mais) uma prova de que o jazz renasce, na melhor linha dos anos de ouro. Um disco, seguro, para figurar entre os melhores do ano.
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