Cultura Brasileira
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de janeiro de 1975
Há seis meses esta coluna foi a primeira a registrar, no País, uma importante iniciativa editorial: o início da elaboração da coleção "Iniciação à Cultura Brasileira", ilustrada com centenas de slides e destinada a cobrir um claro na bibliografia brasileira. No momento em que os estabelecimentos de ensino são obrigados a introduzir a cadeira de Educação Artística, e, principalmente no Interior, existem naturais deficiências de mestres especializados no ensino desta matéria, o lançamento desta coleção é dos mais oportunos. As primeiras 150 coleções adquiridas através convênio do Ministério da Educação e Cultura destinam-se exatamente ao nosso Estado, o que trouxe a Curitiba, na quinta-feira, o professor Marcilio Velloso, diretor da Didacta-Sistemas Audio-Visuais de Educação, idealizador da obra, inédita em seus moldes em toda América Latina. Explica Marcilio que quando a Didacta, do Grupo José Olympio, organizou a coleção de 70 reproduções de pinturas e 20 moldagens de escultura intitulada "Museu de Arte", verificou que se incluísse o Brasil naquele vasto panorama da arte ocidental não poderia dar ao nosso pais o merecido destaque. Diz Marcilio: "Nossa cultura tem menos de cinco séculos, mas deve ser focalizada nas obras de importância mundial que já produziu, assim como naquelas que nos interessam especialmente porque representativas de circunstâncias sociais e momentos históricos. Decidimos pois apresentar por meio de textos e imagens visuais uma história daquilo que o Brasil já produziu no terreno da arquitetura e das artes plásticas". Wladimir Alves de Souza, arquiteto com inúmeros projetos - entre os quais o Museu de Arte Sacra da Bahia (restauração do convento de Santa Tereza, do século XVII), Chácara do Céu (Museu da Fundação Raymundo de Castro Maya), no Rio de Janeiro, professor da FAU-GB e Escola Nacional de Belas Artes, entre outros títulos, elaborou o trabalho, desenvolvido em cinco volumes: Arquitetura/ Pintura, Gravura e Desenho/ Escultura, Artesanato e Artes Populares/ Museus de Arte, Ciência e Técnica/ Conjuntos Urbanos e Museus Históricos. Tendo em vista os requisitos da Educação Artística - hoje parte do currículo escolar desde o 1o grau - o Autor explica, no início dos capítulos, o conceito próprio de cada modalidade, de arte, expondo com simplicidade e clareza as diversas técnicas empregadas para sua realização. Com 480 slides selecionados entre mais de cinco mil fotos operadas por uma equipe de seis renomados profissionais, com coordenação da crítica Vera Pacheco Jordão e arte do internacional Eugenio Hirsch, "Iniciação à Cultura Brasileira" é realmente um dos mais importantes editoriais já feitos no Continente.
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O compositor inglês Mark Wilkinson ("If...", "O Assalariado", "O Estigma de Satanás", "Real Caçador do Sol", entre outros filmes que musicou) teve uma dupla alegria, quinta-feira a noite, ao comparecer a reunião informal: após assistir o mais perfeito documentário já realizado sobre Veneza, com trilha sonora de "As Quatro Estações" de Vivaldi, ouviu as canções de Paulinho Vitola e, mesmo sem entender português, não poupou elogios ao nosso mais criativo compositor. Lamentando que nas aulas que têm dado no curso internacional de música não encontrou ainda nenhum talento vigoroso, Wilkinson indagou a Paulinho: "Por que v. não está lá, não como aluno mas sim como professor?". E convidou o autor das músicas de "Cidade Sem Portas" para participar da conferência que fará na próxima semana, sobre música no teatro e no cinema. Outra alegria de Mark foi conhecer o artista Franco Giglio, que é da aldeia de Dolce Acqua, na Riviera Dei Fiore. Wilkinson gosta muito daquela região da Itália e inclusive possue uma vila na aldeia de Franco.
LEGENDA FOTO 1 - Franco Giglio
LEGENDA FOTO 2 - Paulinho Vitola
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