Curitiba já exporta os "talentos" eróticos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de março de 1986
Um dos mais musculosos halterofilistas da cidade passou o último fim-de-semana executando um trabalho diferente: ao lado de quatro sensuais gatinhas, posou para mais de 300 fotos em que exibe todo o seu vigor sexual na estória "Comando Para Amar", destinada a abrir uma nova série de publicações na área da pornografia: "The Gold Stallion", da já conhecida revista "Clube", publicada pela Editora Ondas, de São Paulo.
Para produzir esta fotonovela - em cores e com imagens de grande impacto - quem esteve na cidade foi José Augusto Iwersen, que já há algum tempo vem se dedicando a produção de fotonovelas eróticas - tendo inclusive criado uma das personagens de maior popularidade da extinta Grafipar: a agente sexo-especial Carol Blue. Heroína de uma dezena de estórias das mais apimentadas, Carol chegou a vender mais de 40 mil exemplares e embora a Grafipar tenha encerrado suas atividades, o editor Faruk El Khatib - hoje diretor da Rádio Estadual do Paraná - está planejando relançar esta revista, como aliás já vem fazendo com outras publicações (que ele justifica como "erótico-educativas") que publicava até 1982, com grande sucesso.
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José Augusto Iwersen, 40 anos, curitibano radicado em São Paulo, é um dos mais experientes produtores de fotonovelas eróticas, criando os roteiros, direção e mesmo fazendo a finalização das estórias. Chegou já a produzir mais de 15 fotonovelas em um mês e em Curitiba abriu mercado para mais de 50 modelos e intérpretes profissionais - que ganham entre Cz$ 200 a Cz$ 500 por hora de trabalho.
Hoje há mais de 100 títulos diversos na área de publicações erótico-pornográficas, distribuídas por várias editoras, inclusive algumas bastante conhecidas, como a Editora Três, que para este tipo de publicação criou uma empresa subsidiária - a Idéia Editorial. Com sua experiência no setor, Iwersen garante que com o maior número de publicações houve uma redução na vendagem - mas com o aumento de títulos - o mercado não se reduziu. "Apenas ao invés de uma revista ter hoje circulação de 40 ou 50 mil exemplares, como antigamente, atualmente vende 10 ou 15 mil, no máximo. Mas há maiores opções e um público rotativo", explica.
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Curitiba dispõe de grande elenco de profissionais - tanto homens como mulheres - que tem atuado em fotonovelas das mais ousadas e que circulam nacionalmente - algumas vezes até no Exterior. Já houve mesmo caso de editores de publicações de revistas da Suécia e Noruega (que nos anos da repressão chegabam a preço de ouro ao Brasil) interessados em encomendar produções que seriam realizadas em Curitiba. Ou seja, nosso erotismo já tem status de exportação...
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