Em Minas, um exemplo de seminário musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de abril de 1986
Cada vez mais é de se lamentar que a politicagem, ignorância e falta de visão das administrações públicas do Paraná tenham destruído promoções culturais que, se tivessem mantido a continuidade, estariam hoje consagradas. Os cursos e festivais internacionais de música, idealizados há mais de 20 anos, quando do governo Ney Braga - e que cresceram durante a administração Paulo Pimentel - no momento em que atingiam um reconhecimento fora das fronteiras foram interrompidos. Hoje, pífias promoções - como um mal estruturado curso de música em Londrina e o ineficiente festival de férias, que a Fundação Cultural vem tentando reativar em janeiro - estão muito longe daquilo que aqui já poderia estar consolidado.
Teresópolis e, especialmente, Campos do Jordão, tem no mês de julho, cursos/festivais internacionais de música que, com tradição de mais de dez anos, estão hoje consolidados. Campos do Jordão, organizado pela Secretaria da Cultura de São Paulo (que lá funciona e não é um organismo de ódios e interesses políticos como, desgraçadamente, ocorre no Paraná) passou a ter, inclusive, apoio da Souza Cruz, que acreditou no investimento como grande marketing cultural.
Agora, mais um evento cultural para julho está sendo (muito bem) estruturado: o I Seminário Brasileiro da Música Instrumental, idealizado pelo compositor Toninho Horta em colaboração com a Universidade Federal de Ouro Preto. Com uma ampla programação, voltada exclusivamente à música instrumental, o Seminário reunirá durante quatro semanas, em cursos, workshops, laboratórios de criação, mesas-redondas e conferências - além de, naturalmente, inúmeros concertos - o que há de melhor em nossa música. O prestígio de Toninho Horta, um dos mais talentosos compositores/instrumentistas brasileiros, a visão que o reitor Fernando Antônio Borges Campos, da UFOP, tem para uma promoção desta dimensão (quando será que a nossa arteriosclerosada e septuagenária universidade terá uma abertura semelhante?), faz com que as inscrições para o seminário já estejam sendo preenchidas. Também não é sem razão, haja vista o nível dos convidados. Eis, entre outros, alguns nomes já confirmados: Paulo Belinati (do grupo Pau Brasil, que na semana passada esteve apresentando-se no Solar do Barão) em violão; Roberto Corrêa (viola caipira); Henrique Cazes (da Camerata Carioca, cavaquinho); Ary Piassarolo e Cláudio Guimarães (guitarra); Hamilton Godoy (piano); Nico Assumpção e Luís Chaves (baixo), Pascoal Meireles e Emílio Gama (bateria); Edgar Roca (Bituca) e Djalma Corrêa (percussão); Mauro Senise e Roberto Sion (saxofone); Sebastião Gonçalves (trompete); Ian Guest, Luiz Eça e Célia Vaz (harmonia); Nelson Ayres, Dori Caymmi e Cláudia Cimbleris (arranjo/orquestração); Lindembergue Cardoso (composição); Paulo Moura e Roberto Gnatalli (prática de conjunto).
Como se vê, professores que unem ao conhecimento teórico também a vivência prática. Paralelamente, haverão as workshops, com outras expressões nacionais: Márcio Montarroyos (trompete), Turíbio Santos (violão), Nivaldo Ornelas (saxofone), Hélio Delmiro (guitarra), Altamiro Carrilho (flauta), Rafael Rabelo (violão 7 cordas), Severino Araújo (clarinete) e os grupos Zimbo Trio, Uakti e Pau Brasil.
Também workshops de modalidade técnica acontecerão: lutheria, programação e efeitos eletrônicos para teclados, reparação de instrumentos de sopro, metais e madeiras; reparação e técnicas de regulagem de instrumentos eletrônicos em geral; sonorização e iluminação para shows; direção de espetáculos e shows musicais etc. Finalmente, conferências por musicólogos e pesquisadores da dimensão de Hermínio Bello de Carvalho, Antônio Adolfo, Sérgio Cabral, Zuza Homem de Mello, entre outros.
Enfim, uma promoção organizada com todo carinho e competência. Aqui fica a informação aos interessados em participar: que poderão conseguir informações mais detalhadas (inscrições, hospedagem, bolsas etc.) escrevendo para o Palácio das Artes, Belo Horizonte, CEP 30130, Avenida Afonso Pena, 1537, Belo Horizonte.
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- I Seminário Brasileiro da Música Instrumental
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- Márcio Montarroyos
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