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Aramis

Esquenta a competição neste fim de semana

Gramado - É difícil circular no Centro de Convenções do Hotel Serrano. São centenas de pessoas - entre artistas, cineastas, produtores, jornalistas, etc., etc. - que se acotovelam pelo amplo hall, lotam a sala Érico Veríssimo - na qual acontecem as projeções dos filmes em 16mm e os debates dos filmes em competição, espalham-se pelos outros espaços deste moderno local que tem no festival de cinema o seu principal evento anual. Embora o calendário de Gramado / Canela preveja dezenas de acontecimentos, para movimentar estas duas cidades que vivem basicamente do turismo, é o festival de cinema que dá maior projeção e ocupa o espaço privilegiado na mídia nacional. O simpático João Alfredo Bertolucci, dono do Hotel Serrano e membro da coordenação do festival, não esconde seu entusiasmo: para ele, a exemplo dos demais empresários do setor de turismo, "o festival há muito se tornou um investimento de amplo retorno - não só promocional, mas também econômico". Embora custando mais de NCz$ 500 mil, o movimento que o evento traz é imenso, com um triplicamento no faturamento do comércio local. Esdras Rubin, secretário de Turismo e presidente da comissão organizadora - que voltou a comandar o evento por ele dirigido anteriormente em cinco edições, introduziu algumas modificações mas que foram para melhor. O Festival de Gramado é hoje um evento privilegiado em termos de cobertura, pois a credibilidade dos prêmios (nunca houve acusações de desonestidade em relação aos julgamentos, embora, naturalmente, sempre haja reclamações dos que perdem) e o charme desta região faz com que, mesmo com toda a crise no cinema, haja um interesse de todos os que estão ligados a cinematografia em participar. Assim, independente dos convidados oficiais - neste ano ao redor de 300 - há os que procuram formas independentes de aqui comparecerem, o que garante lotação dos hotéis e faz com que os ingressos para as sessões do Cine Embaixador, mesmo ampliado, sejam disputados a tapa. O cinema funciona durante o festival em tempo integral, com reprise pela manhã dos filmes que concorrem, em sessões especiais e, neste ano, uma homenagem a cineastas falecidos recentemente - na mostra memória do cinema brasileiro, que trouxe "São Bernardo", de Leon Hirzman, "Beth Balanço", de Lael Rodrigues, uma seleção de curtas de Ruy Santos, "O Mágico e o Delegado", de Fernando Coni Campos e "Guerra Conjugal", de Joaquim Pedro de Andrade. xxx Mais de cem jornalistas, incluindo-se profissionais de vários Estados, desdobram-se para cobrir os vários acontecimentos e enfileiram-se na assessoria de imprensa para passar suas matérias. Os debates dos filmes atraem públicos numerosos e acontecem muitas vezes cenas bem humoradas. Antônio de Jesus Pfeil, 47 anos, cineasta e pesquisador, que nunca perdeu um Festival de Gramado, é sempre irreverente e polêmico em suas intervenções. No primeiro debate criticou "Jardim de Alah", de David Neves (que dividiu as opiniões) e, terça-feira, classificou o jovem Joel Pizzini como "o maior diretor do Brasil", por seu "Caramujo Flor", curta muito bem recebido. Um exagero, é claro, mas característico de Jesus, alma generosa e pessoa das mais conhecidas em Curitiba, onde tem passado muitas temporadas e, inclusive, machucando corações - com seu temperamento expansivo e amoroso.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
16/06/1989

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