Heitor, Carnaval & Tonica
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de abril de 1979
Seguido os passos de seu primo, Paulo Soledade, figura histórica da época risonha e franca da boêmia carioca dos anos 40/50, integrante do chamado "Clube dos Cafajestes", autor de uma das mais belas marchas-ranchos de todos os tempos ("Estão Voltando Às Flores", composta durante férias que passou no Haras Valente, no Paraná) e ex-proprietário do Zum-Zum (local onde aconteceram eventos marcantes da Bolsa Nova), o jovem Heitor Valente, 33 anos, começa a ter um reconhecimento nacional como letrista. Já com cerca de 40 músicas gravadas, grande parte em parceria com Cesar Costa Filho, letrista que une a sensibilidade poética com malicioso humor, Heitor e Cesar Costa Filho merecem duas citações no livro "O Carnaval Carioca Através da Música" de Edigar de Alencar (Livraria Francisco Alves Editora/MEC, 638 páginas, Cr$ 140,00).
Lançado originalmente em 1965, por ocasião das comemorações do 4o centenário da cidade do Rio de janeiro, o pesquisador Edigar de Alencar, 78 anos, atualizou agora esta obra básica de referência sobre a mais popular festa brasileira - com cronologia da canção carnavalesca carioca desde 1835 - e índice onomástico, o que facilita em muito a sua consulta. E completando o estudo até o carnaval de 1977, Edigar salienta como única tentativa válida em tentar preservar - ou recuperar a MPB - foi a promoção "Convocação Geral", na qual a Riotur/Museu da Imagem e do Som, recebera, cerca de 8.000 composições vindas de vários Estados do Brasil, "uma loucura" na expressão do pesquisador. Das 36 composições selecionadas, cinco foram premiadas, duas das quais parcerias do curitibano Heitor Valente e o carioca Cesar Costa Filho: "Triste Papéis" (marcha-rancho) e "Guenta, Sim" (marchinha). As letras das duas músicas são publicadas e assim, pelo menos mais um paranaense entra na história do Carnaval brasileiro - mesmo que hoje a música para esta festa esteja cada vez maior em decadência.
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Heitor Valente, aliás, foi o idealizador em 1978 do Circuito Paraná que, graças especialmente ao seu relacionamento de amizade, levou a várias cidades do Paraná, nomes da expressão de João de Barros, Luís Antônio, Miltinho, Cesar Costa Filho e um novo cantor, Mano - cuja voz, aliás, é gravada agora, pela primeira vez, no compacto triplo com as músicas da telenovela "Maria Bueno", primeira produção do selo "Piratas", que Heitor e Celso Locher acabam de fundar. Celso Locher - o Pirata, cantor e músico desde os 5 anos, nos tempos do Clube Mirim M-5 na Rádio Guairacá, advogado dos mais atuantes, passa agora a ter sua criatividade melhor canalizada, integrando-se ai setor de atividades musicais da Fundação Cultural de Curitiba cuja nova diretoria, entendendo que a hora é de somar, está procurando colocar as pessoas certas nos locais exatos. E a convocação do estimado Pirata para auxiliar no setor não poderia ser escolha das mais felizes - assim como a elevação da jornalista e atriz Antônia Eliana Chagas - a querida Tônica - para dirigir o Teatro do Paiol, num programa integrado a várias atividades que se pretende desenvolver nos próximos meses.
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