Hélcio, as memórias quentes do repórter
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de janeiro de 1986
O jornalista Hélcio José Gonçalves, mineiro de São João Del Rey, 56 anos, decidiu comemorar de uma forma polêmica os seus 30 anos de Paraná: reunir num livro de memórias suas múltiplas experiências profissionais e pessoais ao longo de três décadas em que acompanha os homens, os fatos e as coisas de nosso Estado.
Repórter vindo dos tempos históricos do rádio - (passou pela Nacional, em sua última grande fase), Hélcio integrou várias equipes de grande garra jornalística, fez coberturas históricas - no Brasil e Exterior - e foi um dos pioneiros da TV Paranaense. Não só como profissional mas, também em sua habilidade mineira, participando de delicadas conversações que levaram então os donos do poder na época - o ministro Amaral Peixoto, da Viação - que controlava a concessão de prefixos e canais de televisão - e o próprio presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira a conceder ao advogado Nagib Chede, o "prêmio" que ele mais desejava: a glória de ser pioneiro da televisão no Paraná.
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Como repórter, Hélcio fez a histórica transmissão quando da passagem de um grupo de motociclistas-equilibristas alemães - que atraíam milhares de pessoas para assisti-los atravessar em cabo de aço, estendido entre os edifícios do antigo Braz Hotel (hoje Jumbo) e Arthur Hauer, na Avenida Luiz Xavier. Ocasião em que Hélcio ganhou o cognome profissional de "Repórter Voador". Também quando o rádio se fazia com vigor e criatividade, Hélcio e Didier Bettega, fizeram a primeira cobertura aérea de uma corrida de automóveis entre Curitiba - Ponta Grossa.
Internacionalmente, Hélcio foi um dos poucos jornalistas a entrar no Vaticano e conseguir detalhes da eleição de Paulo VI para o trono do Papa, cobriu o julgamento de Eichmann en Tel Aviv, foi um dos primeiros paranaenses a visitar Cuba após a revolução de Fidel Castro e viajou inúmeras vezes à Europa e Estados Unidos.
Hélcio foi também o primeiro diretor da Paranatur, implantando a empresa e por muitos anos aqui dirigiu a sucursal da Bloch.
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Independente dos aspectos jornalísticos, Hélcio pretende fazer de seu livro um obra incendiária, ao relatar - dando nomes aos bois - histórias nada dignificantes de muitos políticos do Paraná, que, passados 20 ou 30 anos, continuam a mandar e desmandar no Estado. Vai, diz ele, inclusive dedicar muitas linhas às pessoas que o tentaram prejudicar pessoal e profissionalmente ao longo de sua vida.
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Quem viver, lerá!
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