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Aramis

A homenagem ao amigo Tom

Ao longo da obra de Drummond - que aliás vem sendo reeditada pela Record, desde o encerramento de seu contrato com a José Olympio - há inúmeros momentos de encontro musical. Tanto nas crônicas como nas poesias, repetidas vezes Drummond externou sua admiração a compositores que, a sua maneira, também se encontravam na poética do mundo. Antônio Carlos Jobim foi, entre outros, um dos grandes amigos de Drummond. Há 14 anos, exatamente em 12 de maio de 1973, Drummond lhe dedicou um dos mais belos poemas - ("Pré-Inverno") pouco conhecido, e que merece ser lembrado em alguns trechos: Ah, declaro o papo findo, antes que inverno pegue fogo Muito melhor ouvir o Tom Jobim cantar, pianoviolão, no Jardim das Rosas, de sonho e medo, no clarão das águas, no deserto negro, enquanto, lere, lará, o Matita Perê negaceia: "Eu quero ver, eu quero ver você me pegar". Quem pega Tom Jobim, no Rancho das Nuvens de Nuvens Douradas? Leva Anna Luisa no Trem para Cordisburgo. Conta-lhe a Crônica da Casa Assassinada. Fala de Milagres e Palhaços, e se é Tempo de Mar, com Pedrinho de Moraes Chora o Coração de Vinícius de Moraes. Fluem, fluem as Águas de Março e vai fluindo em poesia rosiana o límpido som de Tom, na palma da mão, cor do Brasil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/08/1987

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