Login do usuário

Aramis

Quinteto de Metais, Bossa instrumental e o bom Hora

Formado em outubro de 1974 - mas só iniciando suas atividades profissionais em maio de 1975 - o que mostra a seriedade de seus integrantes em se prepararem artisticamente - o Quinteto Brasileiro de Metais tem participado de inúmeras programações de salas de concertos e shows em várias cidades - embora, em Curitiba, nunca tenham tido chance de mostrarem seu trabalho em que unem o erudito ao popular, com muitas composições próprias. Liderado por Sebastião Gonçalves (trumpete), o quinteto - formado por Kenneth Aubuchon (trompete), Daniel de Paula (trompa), Roberto Marques (trombone) e Juliano Ferreira (tuba) desenvolve também um trabalho didático, fazendo recitais em escolas municipais, estaduais, faculdades e outras instituições no Rio de Janeiro. Há dois anos, o Quinteto fez o seu primeiro disco, produção independente, que mesmo sem um esquema maior de promoção teve sua edição esgotada. Animados, seus integrantes produziram um segundo lp, gravado nos estúdios Haway (dias 21 a 25/10/88), que pode ser solicitado ao sr. Gonçalves (Rua Lauro Mueller, 86/1002, Botafogo, CEP 22290, RJ). Com a participação afetuosa de quatro bons músicos - Jorge Martinho (bateria), Gabriel Bezerra (baixo acústico), Chachachá (percussão) e Damazio Filho (violão), o Quinteto Brasileiro de Metais apresenta um repertório especialíssimo, com uma linguagem muito própria - em que a base são os metais. Dois temas de Tom Jobim ("Corcovado" e "Águas de Março"), uma homenagem a Cartola ("As Rosas Não Falam"), um "Tema de Amor" do trombonista Roberto Marques e as demais composições do próprio Sebastião Gonçalves: "Vamos Nessa", "Por quê", "Pra Vocês", "Abandonado", "Rala Coco" e "Kilombo dos Palmares". São composições suaves, com o espírito do Rio de Janeiro da belle époque - retratado aliás na capa deste elepê brasileiríssimo e que merece ser ouvido. Dirigido por um dos respeitados engenheiros de som do país, o Carlão - responsável por produções já históricas, a etiqueta Vison tem lançado alguns dos melhores álbuns instrumentais nestes últimos três anos. Agora, com o saxofonista Idriss Boudrioua, franco-argelino que se apaixonou pelo Brasil e aqui ficou - (ele que há dois anos já fez um belo álbum com seu quinteto), temos uma das mais bonitas homenagens aos 30 anos da Bossa Nova. Idriss Boudrioua, no sax-alto, buscou o apoio de cinco outros excelentes músicos - Paulo Belinati (violão), Marinho Boffa (piano), Paulo Braga (bateria) e, convidados especiais, Paulo Russo e Nico Assumpção (baixos acústicos). Uma formação excelente, para um repertório escolhido a dedo, dentro do espírito de suavidade, ternura e criatividade que caracterizou a Bossa Nova - cujos 30 anos não estão tendo, infelizmente, comemorações musicais à altura da importância deste movimento. Felizmente, em termos instrumentais, este álbum (que caso não seja encontrado nas lojas pode ser solicitado à Vison Comercial Fonográfica, Rua Soares Cabral, 41, Laranjeiras, CEP 22240, RJ) já fica como registro entre os melhores discos do ano. O repertório não poderia ser melhor: "Imagem" (Luiz Eça), "Barquinho" (Roberto Menescal/Ronaldo Boscoli), "Garota de Ipanema" (Tom/Vinícius), "Se todos fossem iguais a você" (Tom/Vinícius), "Tristeza de nós dois" (Maurício Einhorn/Durval Ferreira/Bebeto), "Samba de Verão" (Marcos-Paulo Sérgio Valle); "Wave" (Tom/Luiz Bonfá), "Inútil Paisagem" (Tom), "Terço" (Paulo Belinati) e "Manhã de Carnaval" (Bonfá). Também na categoria dos bons discos instrumentais, um registro necessário: Rildo Hora, pernambucano de Recife, 50 anos a serem comemorados no próximo dia 20 de abril, compositor, produtor de alguns dos melhores discos da MPB (Martinho da Vila, Beth Carvalho etc.), é também ao lado de Maurício Einhorn, um dos virtuoses da harmônica de boca. Infelizmente, devido seus múltiplos compromissos de produtor, pouco tem gravado - ausência que, felizmente começa agora a suprir. Em homenagem a Luiz Gonzaga, 76 anos, para quem também tem produzido inúmeros discos, Rildo fez uma produção independente - apenas distribuída pela BMG/RCA - com 19 dos mais conhecidos temas do mestre de Exu, seu conterrâneo pernambucano. Acompanhado por Chiquinho do Acordeon, Durval no triângulo e pandeiro, Jorginho (do Época de Ouro) no agogô e percussão, Cidinho na bateria, Luizão no baixo, entre outros - Rildo presta uma das mais belas homenagens a Gonzagão, patrimônio de nossa MPB e realiza um dos melhores álbuns de música instrumental deste ano. E este disco, se espera, esteja nas lojas mais bem fornecidas, como a do Leon Barg (Rua Barão do Rio Branco) ou do Savarin.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
12
09/04/1989

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br