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Aramis

Bossa Nova, 20 anos depois

Ontem à tarde, tão logo retornou de Curitiba a São Paulo, o empresário Manoel Poladian fez várias ligações com Roma, falando com dois nomes muito importantes: Vinicius de Moraes e Antonio Carlos Jobim. Poladian tentou mais uma vez acertar a presença da dupla mais importante de compositores do movimento musical dos anos 50/60, para participar do espetáculo "Bossa Nova, 20 anos depois" (estréia nacional dia 27/10), no Parque Anhembi, São Paulo). Produção em que investirá um milhão de cruzeiros, e o espetáculo comemorativo as duas décadas do movimento da Bossa Nova (foi em 1958, que "Chega de Saudade", de Tom/Vinicius, foi gravado pela primeira vez) será apresentado em São Paulo e Rio de Janeiro - não estando fora de cogitação breve temporada em Curitiba. xxx A produção de Manoel Poladian terá roteiro e direção musical de José Eduardo Homem de Mello, produtor da Jovem Pan e da RCA (sua última realização, um álbum-duplo com Orlando Silva, está sendo lançado nesta semana) e reunirá os nomes mais expressivos da Bossa Nova: Carlos Lyra, Roberto Menescal, Alaíde Costa, Johnny Alf (João Alfredo da Silva), Nara leão, além do Tamba Trio original: Luisinho Eça (teclados), Helcio Milito (percussão) e Bebeto (baixo, flauta). Será esta a terceira união destes músicos: a primeira ocorreu em fins de 1961, perdurando até 1964. Depois houve diferentes substituições até que, em 1969, o grupo se extinguiu. Em agosto de 1972, o Tamba original reagrupou-se, fazendo sua reentré nacional em agosto/72, no Paiol - num momento de grande emoção a todos os seus integrantes. O grupo voltou a gravar, fazendo 2 lps na RCA e novamente se desfez, cada um seguindo carreira autônoma. Agora, nova tentativa de reagrupá-lo é feita. Manoel Poladian, 36 anos, 15 de atividades ligadas ao empresariamento artístico, se firmou em 1978 como ativo e organizado produtor de shows internacionais. Trouxe ao Brasil as orquestras de Ray Conniff e Burt Bacharach, os cantores Nico Fidenco, Sergio Endrigo e, agora, Pepino Di Capri, que acompanhou na sexta-feira, em Curitiba. Agora, está cuidando da excursão da orquestra de Harry James - que dia 23 estará no Guaíra, e as futuras apresentações da orquestra de Biily Vaughn. Para 1979, tem previstas temporadas com cantores italianos Gigliola Cinquetti e Fred Bongusto e os americanos Isaac Hayes e Billy Eckstine. Estuda também a contratação de George Shearing e seu conjunto para algumas apresentações no Brasil. xxx Uma das recepcionistas do Guaíra, Marilena Muller, fez uma observação bastante apropriada com relação ao trabalho de Poladian. "Ele está colocando novamente o romântico no palco". Realmente, com sua visão de empresário inteligente, Manoel Poladian vem obtendo ótimos resultados com os artistas que tem trazido ao Brasil - românticos, de popularidade nas décadas de 50/60 - e que tem na faixa de espectadora entre os 28/50 - anos, um público seguro (e de alto poder aquisitivo). Mas Poladian gostaria mesmo era de fazer 20 shows, pelo Brasil, com João Gilberto. Garante que ganharia o suficiente para se aposentar. "Só que isto, custaria minha saúde". No ano passado, foi quem trouxe João Gilberto ao Brasil, que em 4 meses fez apenas um programa de TV e dois shows de teatro (São Paulo e Salvador). O papa da Bossa Nova, deu, entretanto, centenas de aborrecimentos ao empresário (só telefonemas internacionais, deixou no Eldorado, SP, uma conta de Cr$ 250 mil). Por isso mesmo, no show "Bossa Nova, 20 Anos Depois", João Gilberto só será visto no início. Na projeção de um curto documentário.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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08/10/1978

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