Isaac e Ice, som de tesão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de abril de 1989
Quando estrelou o filme "Shaft", um dos primeiros a valorizar o negro como herói, o crioulão Isaac Hayes surgia com um tema que foi sucesso mundial. Alto, calvo, vigoroso, conquistou platéias e abriu um espaço que tem mantido. Hoje contratado da CBS, após uma reclusão de 5 anos (o primeiro disco após o seu recesso foi "U-Turn", lançado no Brasil em junho/87, o popular Black Moses, como é chamado, volta ("Love Attack") com seu estilo musical em que une o romantismo a uma certa dose de agressividade. A produção demorou por um ano e mostra especialmente na faixa "Showdown" o talento de Isaac para a tecnologia. O resultado é um funk de comunicação, enquanto o ritmo na faixa-título emenda no romantismo das quatro baladas, a começar por "Let Me Be Your Everything". Um disco de embalo, para os fãs de Mr. Hayes.
Ao ser convidado para cantar o tema de abertura do polêmico "Colors" ("As Cores da Violência", de Dennis Hopper), o Ice-T, que já era o mais famoso rapper de Los Angeles, teve uma projeção maior. O filme de Dennis mostrava a violência das gangues de ruas e do tráfico de drogas em Los Angeles e desse universo de sangue e violência o Ice-T é uma espécie de trovador.
Afinal, Ice-T cresceu neste ambiente barra pesada e deixou uma bang (Grips) fazendo carreira na música, onde em "raps" reflete a vida e as atitudes de uma juventude violentíssima. Seu primeiro lp vendeu 300 mil cópias e hoje o Ice-T tem seu próprio selo (Rhyme Sindicate), onde reúne mais de uma dúzia de artistas identificados a sua linha de violência musical. "Power", o último lp do Ice-T é o primeiro a sair no Brasil (WEA), com 12 faixas próprias, e fazendo juz ao título, o disco é uma usina de pulsação e ritmo, sem lirismo, mas com o retrato fiel da violência das ruas. Vale, como registro de uma época.
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