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Aramis

A hora de conferir, ao vivo, a mega star Marisa

Há alguns meses, Marisa Monte foi numa das (poucas) lojas do Rio de Janeiro que trabalham com as reedições que Leon Barg vem fazendo há um ano e, de uma só vez, adquiriu os 25 álbuns que até então haviam sido relançados na série "Revivendo". Marisa não pestanejou: comprou todos os discos com vozes de artistas dos anos 30/50 que, amorosamente, estão reaparecendo nas produções de Barg. Marisa é também uma das melhores freguesas da Cash Box e Billboard, duas das mais atualizadas lojas que trabalham com discos importados no Brasil. Ali, como em suas viagens ao Exterior - (ou solicitando a amigos que fazem habitualmente a ponte Rio-Nova Iorque/Paris/Londres) ela pede os discos de Billie Holliday, Diana Washington, Bessie Smith e tantos outros cantores. Marisa, dizem os amigos, busca, desesperadamente, informação musical. Sem preconceitos de gênero, idade, país... Ela quer é ouvir bastante... xxx Esta sua abertura auditiva para o que existe de melhor na música popular - seja brasileira, americana, francesa ou de qualquer outro país que bata em seus sentimentos - ajuda a explicar porque seu repertório é tão diversificado - tanto em seus shows como em seu primeiro (e até agora único) elepê (EMI / Odeon, um dos mais vendidos deste ano). xxx Nesta quarta-feira, 6, no Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, a prova dos nove! Pela primeira vez Marisa se apresenta em Curitiba. Demorou para ser acertada a sua passagem pela cidade. Embora com pouco mais de um ano de carreira profissional, Marisa Monte já conseguiu entrar no selecionado clube das megastars que exigem cachês na base do dólar, dezenas de passagens (na atual temporada, são 30) para seus músicos, técnicos, etc., e faz mil exigências. Com um custo ao redor dos NCz$ 50 mil, a única apresentação de Marisa Monte - acompanhada por uma orquestra liderada com a competência do clarinetista e maestro Paulo Moura - só acontece devido a coragem de Verinha Walflor em bancar o espetáculo, conforme aqui registramos na última sexta-feira. Será uma oportunidade de se checar até onde a mídia e o marketing criado em torno de Marisa, desde seus primeiros shows em boites classe "A" no Rio de Janeiro, funcionou, e a sua real competência de show-woman, para merecer tanta promoção nacional. A julgar pelo seu disco, o repertório do show deverá ser bem eclético, indo de composições jovens como "Comida" (Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Brito) a sambas de Candeia ("Preciso me Encontrar"), um clássico de Luiz Gonzaga / Zé Dantas ("O Xote das Meninas"), um antigo sucesso de Jovem Guarda ("Negro Gato", de Getúlio Cortes). No repertório internacional, homenagem a Carmen Miranda ("South American Way", Al Dubin / Jimmy McHugh) e clássicos como "Speak Low" (Ogden Nash / Kurt Weill), ou a ária "Bess, You are my Woman Now!", de Gershwin / Hayward, da ópera "Porgy and Bess". Enfim, repertório de qualidade não falta e Marisa Monte, que, naturalmente, deve seu build up a Nelsinho Motta, jornalista e animador cultural do primeiro time, bom letrista e, sobretudo, um homem que mantendo sua síndrome de Peter Pan (quase cinqüentão, continua ligado a imagem da juventude e das vanguardas), sabe construir um espetáculo, um endereço noturno ou uma cantora. Marisa tem merecido elogios entusiásticos mas também críticas ferozes - de que não aceita o esquema promocional criado ao seu redor. Independente de qualquer apreciação, seu surgimento no mercado teve um mérito: está fazendo com que as outras gravadoras, seguindo o exemplo da EMI / Odeon, estejam investindo em novas cantoras, procurando alguma que possa alcançar a mesma mídia promocional. LEGENDA FOTO - Marisa Monte: hoje, a chance de conferir ao vivo, até onde o marketing promocional funciona em sua carreira. Única apresentação no Teatro Guaíra.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
06/09/1989

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