Key e os nossos autores
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de fevereiro de 1977
Como arquiteto, Key Imaguire é especialista em projetos de restauração onde, com sua paciência e habilidade oriental, tem conseguido bons resultados. Como hobby, Key é dono, hoje, do maior acervo de histórias-em-quadrinhos do Paraná, correspondendo-se com especialistas internacionais e inclusive tendo seus trabalhos publicados em revistas italianas, além de seu livro ("Apesar de Você", 1974), ter merecido entusiástica repercussão dos privilégios que o obtiveram (a edição foi de apenas 120 exemplares). Nomeado para a direção da Casa Romário Martins, Imaguire vem tentando, apesar das limitações da função, evitar que aquela unidade seja apenas mais uma dispendiosa unidade cultural do município - a exemplo de tantos outros setores. Assim é que idealizou um programa de pesquisa, "Estante da Cidade", com o objetivo de oferecer ao autor local, possibilidades de divulgação de sua obra, tentando suprir a falta de estrutura que a cidade oferece de circulação de livros do nosso autor, à margem do mecanismo das casas editoras nacionais.
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Da teoria à prática, Imaguire tem oferecido a "estrutura básica"(sic) no lançamento de cada obra (convites, cartazes etc) e, a partir de março, vai elaborar um catálogo bimensal de obras aqui editadas, além de vender livros de autores locais na Casa Romário Martins. Hoje, ao entardecer, Key estará patrocinando o lançamento de mais um livro de poesia "Ventonovo", publicado pela "Cooperativa de Escritores" e reunindo trabalhos de oito novos poetas: Aidenor Aires, Arnaldo Xavier, Aristides Klafke, Júlio Cesar Martins, Mário de Oliveira, Nilson Monteiro, Paulo Nassar e Salvador Ribeiro. Esses novos poetas foram escolhidos entre 210 inscritos no I Concurso Nacional de Poesia da Editora Cooperativa dos Editores que, anteriormente, publicou a coletânea "4 Poetas" (Domingos Pellegrini Jr, Hamilton Faria, Raimundo Caruso e Reinoldo Atem) e "Poema Para Certa canção" (Raimundo Caruso), prometendo para logo "Silêncio e Travessia", de Hamilton Faria.
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De nada adiantará o esforço de Key e dos rapazes da Cooperativa dos Escritores, se não houver maior intercâmbio, fazendo com que estas obras deixem de circular em circuito fechado, como até agora tem acontecido. Dois livros recentemente lançados pela Fundação - uma história das artes gráficas em Curitiba, do professor Newton Carneiro e uma análise da Colônia Orleães, do historiador Ruy Wacyowicz - não tiveram a menor repercussão por falta de melhor distribuição, não sendo encontradas na maioria das livrarias da cidade. Em compensação, uma obra anterior do professor Carneiro, "A Caricatura e o Paraná", editada pelo Museu De Arte Contemporânea, obteve repercussão nacional, graças ao bom trabalho de Fernando Velloso, com sua símpatia e sentido de relações públicas, soube conseguir. E para evitar que o livro "100 Cliks de Curitiba", poemas de Paulo Leminski e fotos de Jack Pires, tenha o mesmo destino, o editor João Paulo Mello, da Etecétera, já estão montando um esquema próprio de promoção.
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