Maconha na praça
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de dezembro de 1977
O povo de Toledo teve uma grande surpresa nesta semana que passou. "Rotativa Guaçu", noticiário da Rádio Guaçu, lançou a noticia de que o delegado Rubens Bittencourt tinha achado maconha plantada na praça central da cidade. Como diz a matéria publicada na última edição do "Tribuna do Oeste", foi uma "autêntica bomba para o conservador povo toledano. Mais precisamente à aqueles que pensam que maconha não anda à solta entre parte da juventude local".
O repórter do jornal ficou indignado com "a ousadia de quem plantou a cannabis, conhecida vulgarmente como maconha ou marijuana, cujas folhas depois de colhidas são prensadas em blocos para a venda em grande quantidade".
Aliás, embora cite o delegado, não menciona que este tenha feito qualquer declarações no sentido de empreender uma busca para verificar a real situação. A planta, de aproximadamente três meses, foi encontrada pelo delegado Bittencourt na Praça Willy Barth, que a replantou em um vaso, que será enviado para a Polícia Federal.
A notícia diz que o jardineiro que rega diariamente os canteiros classificava a planta como sendo um inço, uma erva daninha entre muitas flores, sem poder precisar se já arrancara outras deste tipo. A materia aparece na primeira página, com o seguinte texto:" Um inço, um capim verde com alguma semelhança com a urtiga, ou uma cannabis sativa? Para o jardineiro da Praça, a planta era um inço. Para os menos avisados, era um capim. Para os que conheciam, era a marijuana. O achado era de fato um viçoso pé de maconha, plantado num dos canteiros da Praça Willy Barth".
O ocorrido em Toledo, caso não se trate apenas de uma urtiga, veio provar que não se deve botar fé em crendices populares. Uma das crendices que cercam o plantio da cannabis é a de que a poda, geralmente no segundo mês, não deve ser feita em presença de mulheres. Ao que se sabe, em Toledo moram muitas mulheres que passam diariamente pela praça. Outra crendice é a de que não se pode assobiar ou dizer nomes feios perto do arbusto, pois ele morre: o que deve ter ocorrido com alguma freqüência, pois estas seriam as reações do "proprietário" ao notar a presença do jardineiro.
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