Login do usuário

Aramis

Maconha na praça

O povo de Toledo teve uma grande surpresa nesta semana que passou. "Rotativa Guaçu", noticiário da Rádio Guaçu, lançou a noticia de que o delegado Rubens Bittencourt tinha achado maconha plantada na praça central da cidade. Como diz a matéria publicada na última edição do "Tribuna do Oeste", foi uma "autêntica bomba para o conservador povo toledano. Mais precisamente à aqueles que pensam que maconha não anda à solta entre parte da juventude local". O repórter do jornal ficou indignado com "a ousadia de quem plantou a cannabis, conhecida vulgarmente como maconha ou marijuana, cujas folhas depois de colhidas são prensadas em blocos para a venda em grande quantidade". Aliás, embora cite o delegado, não menciona que este tenha feito qualquer declarações no sentido de empreender uma busca para verificar a real situação. A planta, de aproximadamente três meses, foi encontrada pelo delegado Bittencourt na Praça Willy Barth, que a replantou em um vaso, que será enviado para a Polícia Federal. A notícia diz que o jardineiro que rega diariamente os canteiros classificava a planta como sendo um inço, uma erva daninha entre muitas flores, sem poder precisar se já arrancara outras deste tipo. A materia aparece na primeira página, com o seguinte texto:" Um inço, um capim verde com alguma semelhança com a urtiga, ou uma cannabis sativa? Para o jardineiro da Praça, a planta era um inço. Para os menos avisados, era um capim. Para os que conheciam, era a marijuana. O achado era de fato um viçoso pé de maconha, plantado num dos canteiros da Praça Willy Barth". O ocorrido em Toledo, caso não se trate apenas de uma urtiga, veio provar que não se deve botar fé em crendices populares. Uma das crendices que cercam o plantio da cannabis é a de que a poda, geralmente no segundo mês, não deve ser feita em presença de mulheres. Ao que se sabe, em Toledo moram muitas mulheres que passam diariamente pela praça. Outra crendice é a de que não se pode assobiar ou dizer nomes feios perto do arbusto, pois ele morre: o que deve ter ocorrido com alguma freqüência, pois estas seriam as reações do "proprietário" ao notar a presença do jardineiro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
22/12/1977

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br