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Escuridão na Praça Osório, que já teve dias melhores

---- Nota: Este artigo escrito por Aramis Millarch para sua coluna Tablóide de 05 de maio de 1992 não foi publicado devido a re-diagramação da página ocasionada pela censura ao artigo "Um livro sobre Lerner e a autobiografia que Anibal censurou". ---- Há dois meses que a Praça Osório está com menos de 40% de sua iluminação normal. Moradores dos edifícios residenciais ali existentes já se cansaram de discarem para os telefones de reclamações tanto da Prefeitura como da COPEL para pedir providências. As respostas - quando se consegue as ligações - são evasivas e procuram fazer o jogo de empurra: ninguém, na verdade quer assumir a responsabilidade. xxx A escuridão na Praça Osório não é um fato isolado. Apesar das taxas escorchantes no item "iluminação pública" cobradas pela Prefeitura são centenas de ruas e logradouros da cidade que se encontram pessimamente iluminados. As "experiências" de utilização de lâmpadas moderninhas tem se revelado prejudiciais em termos de luminosidade e com isto mesmo vias que, antigamente, tinham uma boa claridade hoje estão escuras. Nas ruas em que há farta arborização - contra o que ninguém tem nada a reclamar - como a Visconde do Rio Branco, o problema torna-se ainda mais grave. É só passar à noite por determinados trechos para sentir que a cidade está em plena época de brumas nesta administração lerneana. xxx A reclamação dos moradores da Praça Osório - especialmente dos condomínios dos edifícios André de Barros, Vasconcelos e Asa - não ficam apenas na precariedade da iluminação. Desde os anos 60, a decadência daquela que era, no passado, a praça-símbolo de Curitiba tem sido impressionante. Na primeira administração de Jaime Lerner, a partir de 1971, um infeliz projeto desenvolvido pelo então diretor de Parques e Praças, arquiteto José Maria Gandolfi, substituiu os jardins com belas espécies que ali existiam numa verdadeira "selva" de cactus e plantas selvagens que transformaram o logradouro num espaço ideal para mosquitos e mesmo répteis, inclusive cobras. Tanto é que após muitas reclamações as mesmas foram retiradas, mas, infelizmente, a cobertura floral nunca mais voltou a ser a mesma. O próprio desenho dos canteiros sofreu mudanças e somado a deterioração do centro, com a falta de policiamento e a invasão de espaços por marginais, a Praça Osório, à partir das 19 horas, transforma-se em zona de alto risco: mal iluminada, ausência de policiais, com a reunião de grupos de marginais é uma triste imagem daquilo que, em administrações anteriores, caracterizava realmente a então cidade humana e feliz. xxx O próprio playground - projeto da arquiteta carioca Marlene Rodrigues, quando esta era funcionária do IPPUC, na administração Ivo Arzua Pereira, também é há muito decadente. O mictório público ali existente tem uma conservação deficientíssima, o que tem motivado centenas de reclamações - para as quais a administração "ecológica" (sic) de Curitiba parece fazer ouvidos-de-mercador. xxx Um videomaker, residindo há anos na Praça Osório, está preparando um documentário em VHS, registrando a decadência da praça, dentro de uma linguagem extremamente satírica - em comparação com o blá-blá promocional que as onerosas assessorias de promoção lerneana, fazem até internacionalmente - sobre a "qualidade de vida de Curitiba". Com a força de suas imagens reais, num trabalho independente, quer levar em todos os locais que consiga exibi-lo, este retrato necessário de ser denunciado da Curitiba que é bem diferente daquela que ganha promoção mundial graças a ótimos esquemas de marketing promocional. ---- Nota: Este artigo escrito por Aramis Millarch para sua coluna Tablóide de 05 de maio de 1992 não foi publicado devido a re-diagramação da página ocasionada pela censura ao artigo "Um livro sobre Lerner e a autobiografia que Anibal censurou". ----
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
06/05/1992

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