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Aramis

Memórias destes que já se foram

Mais do que um disco, a saudade: "Memories", montagem coordenada por Ney Padilha Filho/ Mário F. Bastos, pra lançamento via SBT, traz nostálgicos momentos da carreira de três grandes nomes da música americana, todos já falecidos: Louis Armstrong, Bing Crosby e Earl Grant. Do imenso acervo que estes três grandes americanos deixaram na MCA Records, Toninho Paladino e Marcos Galvão selecionaram doze registros clássicos, conhecidos de várias gerações, mas que sempre emocionam bastante. Assim Earl Grant, organista e vocalista que sempre estará identificado a "Ebb Tide" (Robert Maxwell/ Carl Sigman), interpreta, além deste clássico, também "Love Letters" ( Victor Young/ Eeyman), "Jamaica Farewell Song" (Irving Burgess) e "The End" (Jimmy Krondes/ Sid Jacobson). Bing Crosby, o grande cantor falecido em 1977, com sua voz redonda e única, em clássicos dos anos 30/40: "Dominó", "Getting To Know You ", "I Can't Give Anything But Love" e Indian Summer". E o grande Louis Armstrong (1900-1971), pistonista, band-leader, compositor e cantor, pode ser apreciado em quatro temas de grande popularidade: "Hello Dolly", "What A Wonderful World", "Moon River" e o tradicional "When The Saints Go Marchin'In". Um disco tão belo, tão emocionante, que provoca lágrimas ao se pensar que gênios como os aqui reunidos não mais (re)existem. xxx Ultrapassando as barreiras do bregue, Francisco Roque, fluminense de Niterói, 34 anos, chega ao quarto lp (Continental, julho/85) mostrando amadurecimento artístico. Na confusão entre a Jovem Guarda dos anos 60 - época em que era guitarrista de um grupo vocal-instrumental - a linha Bregue de sucesso fácil, quando fazia parte do grupo de Gilliard. Eros e Paulo Debétio (com músicas como "Não me Fale das Flores" e "Menino Sem Juízo", gravadas por Alcione), Francisco mostra agora composições mais trabalhadas, com arranjos de José Paulo. Um disco romântico e que busca um público definido. Donas de um público fiel, as irmãs Rodrigues uniram-se no ano passado a outro nome popular dos círculos brega - o acordeonista Voninho - e viram o lp "Romance Embalado" emplacar boa vendagem. Como a fórmula funcionou, Wilton Souto Jr., diretor artístico da Chantecler, não teve dúvidas: reuniu novamente este inesperado trio e o resultado é o lp "Voltei Pra Ficar", com um repertório em que estão guarânias, batidões, rasqueados, rancheiras e até um ritmo definido como "asteco", na faixa "Choro, Grito e Reclamo" (Jacy/ Teresina), Curiosamente, os arranjos de Pinochio (Juvenil José de Lacerda) incluíram uma grande secção de cordas - com quatro violinistas e três violonistas, além de um haspista - Autreberto Herrera, buscando assim dar suavidade para os vocais das irmãs Rodrigues. xxx Com o lp "Capa de revista" a dupla Gilberto e Gilmar se projetou em 1983 como uma nova sensação no universo rurbano - aos quais garantiriam um outro êxito "Música de Saudade". Jovens rurbanos buscando uma aceitação tanto no Interior como na Capital, Gilberto e Gilmar fazem agora novo lp na Copacabana, etiqueta, aliás, preocupada em reciclar seu repertório - mas sem abandonar o público humilde (mas fiel) que lhe garante absorção da produção brega. E o novo disco de Gilberto e Gilmar, ao lado das canções dor-de-cotovelo, boleros e guarânias, inclui até um xote ufanista, dedicado à Nova República: "Sou brasileiro, por que não?". xxx Prentice é um dos compositores e intérpretes em ascensão numa luta de muitos anos. De uma família extremamente musical - é irmão de Chris & Christina e cunhado de Heitor Valente, seu parceiro em "Voz e Violão" (música que defendeu na eliminatória de "Festival dos Festivais", sábado passado, em Porto Alegre), Prentice tem seu segundo compacto lançado pela RCA. Desta vez com "Não Diga Nada", parceria com Ed Wilson e Ronaldo Bastos - faixa já incluída na trilha da telenovela "Ti Ti Ti ". Jovem e boa pinta. Prentice busca um espaço nacional - pelo qual vem lutando já há muito tempo. xxx Com "Poxa", o crioulo Gilson de Souza apareceu há uns dez anos. Era um belíssimo samba - alegre e comunicativo, que deu a Gilson espaço nacional. Infelizmente o tempo passou e não houve continuidade para que Gilson pudesse se manter no mercado. Agora, numa produção de Osmar Zan, distribuída pelo Fonobrás, reaparece com duas novas músicas - parcerias com Bobby Hilton: "Quero me Envolver" e "Direito de Ser Rei". Mereceria alguma atenção dos programadores de nossas rádios se o colonialismo cultural pelo produto supérfluo internacional não fosse tão grande.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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01/09/1985

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