Mineiros
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de outubro de 1980
A carreira de Marku Ribas é das mais curiosas: mineiro das margens do Rio São Francisco, começou cedo pelas estradas musicais. Passou vários anos no Exterior - especialmente na Martinica e França, gravou discos em Paris e seus dois primeiros lps feitos na Copacabana, há 6 anos, ficaram despercebidos. Há 3 anos, o astuto Roberto Santana percebeu suas possibilidades e o relançou com um novo marketing, simultaneamente a Zizi Possi. Enquanto a cantora-mignom emplacou rapidamente (seu 3o lp está na praça e ela vem em novembro, para show no Paiol), Marku ainda não teve o "boom" merecido. Mas continua a merecer a confiança da gravadora, já que sai agora seu "Mente & Coração" (Philips, outubro/80). Compositor e interprete de estilo muito pessoal -nem nordestino, nem o estilo do grupo "Clube da Esquina", seu canto é das barrancas do "Velho Chico", embora agora já busque uma espécie de critica urbana, como em "Nunca Vi", sátira as telenovelas, com letra irônica de Paulo Coelho. Mas seus melhores momentos são quando busca uma linguagem brasileira, sem concessões - como "Choro Verde". Da vivência em Martinica ficou "La Pluie Tombée", que adaptou e fez uma versão com o título de "Só Voce". Carlos Cao Jr. é o seu novo parceiro em seis das 10 faixas deste elepe: "Mente & Coração", "Será Bem Melhor", "Quem Pede, Pede", "Olha a Brecha", e "Limites Naturais". Apesar do visual apelativo da capa (cartucheira, linha Ney Matogrosso), embora sem frescuras - e a foto na contra capa, com a mulher e o filho mostram isto), Marku impressiona. E merece que se acredite nele. Só que o público tem que prestar atenção.
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