A assessoria artística em bases profissionais
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de janeiro de 1980
O mercado artístico brasileiro está profissionalizando-se cada vez mais. A concorrência aumenta, as multinacionais do disco passam a disputar, cada vez com maior garra, os melhores artistas e a época da improvisação está acabando. Por isso, surge necessidade de trabalhos de especialistas, com experiência, bom relacionamento e capacidade de atuar na área. Pensando nisto o baiano Roberto Santana, 37 anos, deixou a coordenação geral de produção do selo Philips para criar a Assessoria e Planejamento do Artista do Mercado, instalada na avenida das Américas, 2.300, Rio de Janeiro. Santana tem uma bagagem respeitável: há 16 anos teve sensibilidade para sentir as possibilidades de Caetano, Gil, Gal e Bethânia, lançando-os no show "Nós por Exemplo", inaugurando o Teatro Vila Velha, um dos mais simpáticos espaços culturais da capital baiana. Depois, em São Paulo, acompanhou os baianos em seu início de carreira e, nos últimos anos, tem lançado talentos como o Quinteto Violado, Fafá de Belém (por ele "descoberta" em 1974 e transformada em superstar), além de ter reorientado as carreiras de Alcione, Emílio Santiago, Leci Brandão, Marku Ribas etc. Mas o maior mérito artístico de Santana foi o de ter, em 1973, convencido a Elomar Figueira de Mello, arquiteto, o compositor mais autêntico do Brasil e que vive em Vitória da Conquista, a gravar o lp ... Nas Barrancas do Rio "Gavião". Passados 6 anos, Elomar fez, no ano passado, o álbum duplo, produção alternativa (agora distribuído comercialmente pelo astuto Marcus Pereira), "Na Quadrada das Águas Perdidas", um dos mais belos momentos da criação musical brasileira.
Para a Apam, que se propõe a lançar novos artistas, implantar os nomes e imagens de artistas, produzir discos, shows, espetáculos, assessorar projetos especiais etc., Santana reuniu mais 3 ótimos profissionais: o jornalista João Luís de Albuquerque, ex-chefe do bureau da "Manchete" em Washington e Nova Iorque, formado em produção de TV pela School of Visual Arts, N.Y., onde foi diretor executivo do I American Song Festival; Lúcia Cordeiro, jornalista, ex-"Tribuna da Bahia", assistente de direção da série de música e dança "Baiafro", de Djalmo Corrêa e uma das responsáveis pelo Projeto Polygram de Pesquisa e Documentação do Folclore do Brasil, que Santana e Djalme produziram há 5 anos, mas que permanece inédito em disco - e que se constitui numa excelente documentação, com centenas de horas de gravações e milhares de slides e filmes em Super-8, rodados em todo o País - com especial atenção ao Paraná. Por último, a Apam conta com Beta Oliveira, formada pelo Instituto de Ciências Sociais e Políticas de Lisboa e que traz sua experiência européia e norte-americana de relações públicas.
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