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Depois de Alomar, os irmãos Marques

Foi lamentável que a temporada de Elomar Figueira de Mello, a Personalidade-1979, na área da Música Popular Brasileira, segundo a Associação de Críticos de Arte de São Paulo, não tivesse sido melhor programa. Ao invés de uma tímida participação na << Parceria >>, na segunda-feira, 28, ao lado do jornalista Fausto Wolff - e com a participação do cantador Shangay, e apenas uma apresentação no Paiol, quarta-feira, 30, e outra, no improvisado << palco das ruínas >>, no Alto do São Francisco, o << Príncipe da Caatinga >> - como chama seu amigo Vinícius de Moraes, merecia ter uma temporada regular no Paiol. Desde 1973, quando gravou << ...Das Barrancas do Rio Gavião >> (Philips), não nos cansamos de elogiar este compositor-violeiro-interprete que, afastado da neurose urbana, vivendo no interior do município de Vitória da Conquista. Bahia, produz músicas da maior beleza, como um menestral medieval, falando em reis donzelas, cavaleiros, na linguagem de raízes béricas, mas voltada a uma visão brasileira. No ano passado, Elomar, estimulado por amigos, e com a participação de jovens entusiastas por sua obra. como Shangay (que em 76 fez um lp na CBS, mas sem oportunidade de mostrar o que tem de melhor) e Carlos Pita (que já gravou um lp na Chantecler) e Dercio Marques, Elomar gravou em Salvador, o magnifico album-duplo << Na Quadrada das Águas Perdidas >>, para nós o mais importante lançamento de 79 - e que após a edição independente, de 2 mil cópias, foi reimpresso e colocado nacionalmente por Marcus Pereira, com o esquema comercial da Copacabana. Mas se Elomar Figueira de Mello, com toda sua pureza e pujança, teve sua temporada em Curitiba desperdiçada pela falta de maior visão dos diretores da Fundação Cultural de Curitiba. neste fim de semana, os irmãos Dercio e Doroth marques estão no Paiol. Filho de paiuruguaio e mãe mineira, nascido no interior de Minas Gerais, ambos vêm desenvolvendo um trabalho musical da maior importância, não só ligado as mais puras raízes brasileiras, mas, no caso de Dercio - e de sua esposa, a baiana Diana Pequeno (que também virá ao paiol, em junho), para a canção latino-americana. Hoje, já a oportunidade de se ouvir os irmãos Dercio e Dorothi Marques, num espetáculo de grande riqueza musical, é um complemento aquilo que Elomar já mostrou na quarta-feira. Os irmãos Marques têm gravações pela Copacabana. sendo que o 2º elepe de Dércio foi lançado há poucas semanas, conforme aqui registramos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
O show da semana
1
03/05/1980

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