Monteiro Lobato em disquinhos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de janeiro de 1977
A Copacabana, uma das poucas gravadoras formada exclusivamente por capital nacional, decidiu também entrar no mercado dos discos infantis.
Assim é que seus diretores contrataram a professora Maria de Lourdes Mucci Fermino, historiadora conhecida como "A Professora Doçura", para orientar e produzir uma série de lançamentos destinados as crianças. E, felizmente, começa com uma brasileiríssima coleção "Monteiro Lobato", cujo primeiro volume é justamente "Os Personagens do Pica-pau Amarelo".
Quem não se emociona com as estórias de José Bento Monteiro Lobato (1882-1948), um dos exemplos mais completos de escritor que coloca sua pena a serviço da causa pública, sem deixar de ser fiel a sua arte? Deixou uma obra da maior importância para a literatura infantil - ao lado de também ter escrito muitos ensaios e livros destinados a adultos, procurando sempre defender suas idéias - homem preocupado com os problemas da difusão do livro (fundou a Companhia Editora Nacional), a siderurgia e o petróleo, temas sempre presentes também em suas estórias destinadas a infância. O Sítio do Pica-pau Amarelo, com seus personagens encantadores - vovó Emilia, Tia Anastácia, Emilia, Narzinho, Pedrinho, o Visconde Sabugosa, o Marques de Rabicó - fazem parte do universo de todas as crianças que descobrem as maravilhas do mundo em seus livros. Considerando a importância da obra de Monteiro Lobato, sem dúvida a iniciativa de adaptá-las para uma série de disquinhos - teatralizando as suas melhores estórias, é um projeto tão importante quando desafiante. Afinal, há que haver muito talento e respeito a obra de Lobato, para não adulterá-la, não cortá-la no que possui de fundamental. A professora Maria de Lourdes Fermino fez as adaptações dos textos, dirigiu a gravação da teatralização e com sua voz terna e agradável conduz a narrativa.
Edgardo Luiz colaborou na produção como cantor e musicista, havendo ainda a voz de Valéria na parte musical. Como interpretes dos diversos personagens foram convocados Farid Riscala, Eloísa Mafalda, Tilda Serato, Isaura Marques e Cláudio Moreno. Maria de Lourdes Mucci Fermino é conhecida como "A Professora Doçura" e tem utilizado seus vastos conhecimentos didáticos pra oferecer, em livros que escreve programas de televisão, um pouco de cultura histórica professora secundária de História Geral e do Brasil e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Guarujá-Bertioga, além de vários livros, entre eles uma coleção com revelações históricas, fez em televisão o programa "Contando Histórias da História", que lhe valeu a distinção de "melhor programa cultural de 1963", dada pelo jornalista Mário Regis Vitta, da "Folha de São Paulo". Ainda, naquele ano, em conjunto com outros programas culturais, recebeu a Medalha de Prata da revista "Sete Dias na TV" e recentemente foi agraciada com mais um troféu "Destaques na Semana".
A coleção Monteiro Lobato, produziu para o selo Saci, da Copacabana, é acondicionada em envelopes acompanhados de álbuns para as crianças colorirem, o que torna ainda mais interessante esse lançamento destinado ao público infantil.
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Outro "Disquinho", da série editada pela Continental, é o que conta a história de "João e Maria", adaptada da famosa estória dos irmãos Grimm, por Elza Fiusa. Com orquestração do maestro Radamés Gnatalli e narração de Simone Moraes, essa produção é datada de 1961 - e há 15 anos, vem sendo mantido em catálogo, provando que as boas estórias jamais envelhecem. A estória de João e Maria é uma das muitas escritas pelos irmãos Jacob Ludwing Karl . Grimm (1785-1863) e Wilhelm Grim (1786-1859), que reuniram em seus livros velhas tradições culturais germânicas.
Seus "Contos de Fadas" apareceram pela primeira vez em 1812 e permanecem até hoje como obra da maior importância na literatura infantil. Além de ouvir as adaptações em disquinhos, aconselhamos nossos pequenos leitores a procurarem conhecer as estórias completas dos irmãos Grimm.
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