Morre o pioneiro Garret mas crescem nossos CTGs
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de dezembro de 1987
Mais rapidamente do que se poderia esperar, confirma-se aquilo que, há quatro anos prevíamos em comentários em O Estado do Paraná: o tradicionalismo gaúcho começa a fincar raízes no Paraná, através da expansão de CTGs, congressos, convenções e mesmo festivais musicais. Embora o Cante Terra, realizado no ano passado em Campo Mourão, não tenha sido reeditado este ano, é cada vez maior a realização de tertúlias e rodeios gaúchos em várias cidades - não só no Oeste/Sudoeste (municípios nos quais houve maior presença de migrantes gaúchos) mas na grande Curitiba. Ainda no último fim-de-semana, o C.T.G. Tapera da Saudade, de Contenda, promoveu o II Rodeio Crioulo Interestadual, com atividades que incluíram gineteadas, concursos de trova, gaita, declamação, etc.
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No último dia 2 de dezembro, segunda-feira, morreu Dinarte de Almeida Garret, paranaense de São Luiz do Purunã, 66 anos, pioneiro na realização de rodeios crioulo no Paraná. Conforme registrou o tradicionalista Cesar Setti, 23 anos, que através de programas na Rádio Clube Paranaense e coluna no "Correio de Notícias", vem dando a maior cobertura ao movimento tradicionalista, a partir de maio de 1963, Dinarte passou a promover o Rodeio de São Luiz do Purunã, em sua fazenda naquela região. Restrito, durante quase duas décadas, a um pequeno número de adeptos, o Rodeio começou a ser visto como uma atração turística nos últimos dois anos, especialmente graças a visão de marketing que Setti procurou incutir numa promoção que tem um grande potencial de comercialização. Arquibancadas foram montadas em maio último, melhoraram-se as condições de acesso à fazenda de Dinarte e o evento começou a perder sua timidez. Agora, com sua morte a esperança é de que um de seus grandes colaboradores, o bancário Renato Bechara Amim, fundador do Centro Gaúcho do Paraná (em 1954, na praça Zacarias), com apoio da viúva de Dinarte, dona Joana, e de seus sete filhos, dê seqüência a este promoção - já vista com simpatia pela Paranatur, que afinal começa a entender o tradicionalismo como um manancial turístico para o Estado.
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Há cinco meses, em Ponta Grossa, no encerramento do III Congresso Tradicionalista Gaúcho do Paraná, duas chapas disputaram a diretoria do MTGP. A Tradição, liderada pelo patrão Carlos Meira Martins, teve 52 votos, enquanto o grupo oposicionista, na chapa Renovação, liderada pelo patrão João David Marchezan obteve 92 votos.
O Movimento Tradicionalista Gaúcho do Paraná - que representa hoje mais de cem CTGs no Estada (em todo o Brasil, passam de 800 os CTGs, espalhados por uma dezena de Estados), vinha sendo presidido pelo sr. Rubens Luiz Sartori.
Além da eleição para a escolha da nova diretoria do Movimento, foram também discutidas no encontro de Ponta Grossa a escolha das cidades que sediarão os próximos congressos e convenção tradicionalista. Pato Branco - um dos municípios com maior colonização gaúcha, perdeu para Guarapuava, que obteve 55 votos para sediar a convenção em 1988. Já para o IV Congresso Tradicionalista, Curitiba se habilitou, mas obteve apenas 38 votos, enquanto 54 convencionais propuseram que o mesmo venha a ser realizado em Maringá. Apesar do crescimento dos CTGs na região metropolitana de Curitiba, o movimento ainda está mais fortalecido no Interior, o que é natural.
Difícil a semana em que o "Diário Oficial do Estado" não publica extratos de estatutos de novos CTGs. O mais recente é o "Chapéu Tapeado", em Bituruna, que, a exemplo dos demais, surge com a finalidade fundamental de "cultuar as tradições gaúchas, suas histórias, lendas, músicas, canções e costumes".
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Alguns políticos começam a aproveitar o tradicionalismo para marcar presença. Por exemplo, no III Congresso, em Ponta Grossa, o deputado Eduardo Baggio e o prefeito de Santa Isabel do Ivaí, Adão de Almeida Ramos, ali estiveram - largando o verbo sobre a importância do tradicionalismo e, naturalmente, procurando conquistar votos para as próximas eleições. Entretanto, uma das preocupações.dos autênticos tradicionalistas é evitar o uso político dos CTGs, o que, convenhamos, nem sempre é possível.
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