A mulher & a música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de janeiro de 1975
Uma prova de quanto uma boa produção pode fazer por uma cantora de talento é o novo lp de Eliana Pittman (Tô chegando já cheguei, RCA, 1030084, Dezembro/74). A bela cantora, devidamente assessorada pelo jornalista Sérgio Cabral - coordenador artístico desta produção de Osmar Zandomenigui - e amparada em arranjos dos maestros Severino Filho, Ely Arcoverde, Nelsinho e do Magro do MPB- 4, mostra toda sua potencialidade de intérprete madura, com um repertório que vai de clássicos como "Kalu" ( Humberto Teixeira e "Quem Dá Mais? (Noel Rosa) até sambas inéditos, como "Deus de Barro" (Gisa Nogueira), "Abandono" (Ivor Lancelloti). "Se não for amor" (Benito di Paula), não esquecendo de um belíssimo samba de Carlos Lyra-Ronaldo Boscoli ("Tristeza chama tristeza) e o primeiro fruto da parceria Martinho da Vila /Paulinho da Viola: "Maré Mansa".
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Com quase 10 anos de carreira artística, muitos lps gravados na Odeon, só agora a querida enteada do grande e inesquecível Booker Pittman (1909-1969), realiza um disco a altura de seu grande talento. Como seu pai adotivo, um dos grandes jazzman que já viveram no Brasil, tinha muita afeição pelo Paraná tanto é que passou muitos anos, esquecido, tocando em inferninhos nas cidades de Jacarezinho e Santo Antônio da Platina, Eliana também sempre que pode vem ao nosso Estado. Até hoje ela e Ofélia - sua vigilante supermãe empresária - estão esperando a hora de receberem o titulo de cidadania honorária de santo Antônio da Platina que a Câmara daquele município concedeu, postumamente ao grande Bookman, depois que ele declarou em 1966 numa entrevista à "Realidade", que ali tinha passado os anos mais felizes de sua vida e que seu sonho era voltar a residir naquela cidade. Apesar do interesse dos vereadores em prestar uma homenagem ao músico, motivos diversos retardaram a concessão do título, fazendo como pudesse recebe-lo em vida.
LEGENDA FOTO 1 - Eliana.
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