A música que poucos entenderam na época
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de fevereiro de 1989
Assim como o roteirista Joel Oliansky, teve a vantagem de contar com os originais do ainda inédito "Life in E Flat" ("Vida em Mi Bemol"), livro de Chan Parker, 63 anos (e que posteriormente se casou com Phill Woods, 58 anos, também saxofonista), a viúva de Charlie, consultora do filme (hoje vive em Paris), cedeu a Clint Eastwood fitas com registros inéditos de Yardbird. Lennie Niehaus, músico e compositor de trilhas de alguns filmes de Eastwood (de quem foi colega nos tempos do Exército), teve oportunidade de fazer um trabalho especial: reprocessando as gravações originais, limpando os registros de Parker, colocar ao seu lado músicos como John Faddis e Red Rodney (trumpetes), Charlie McPherson (sax alto), Chalie Shoemaker (vibrafone), e até um pianista, Monty Alexander, que não era nem nascido na época, no lugar de Duke Jordan (Nova Iorque, 4/1/1922), na opinião do crítico José Domingos Raffaelli, o grande injustiçado, pois ainda em forma deveria ter sido convocado para este tributo sonoro. Apesar de diferentes formações, a fase mais marcante do quinteto de Parker foi quando dele faziam parte Max Roach (bateria), Tommy Porter (baixo), Jordan e Miles Davis. Pelo avanço de sua técnica - e inusitado que era o som que o bebop produzia, embora admirado pelos seus colegas, Bird os assutava - em seu estilo inovador jamais o fariam um sideman de mestres como Duke Ellington (1989-1974) ou Louis Armstrong (1900-1971), de outras linhas.
A trilha sonora de "Bird" (editada pela CBS, em LP convencional) [traz algumas das] centenas de gravações que deixou, durante sua vida difícil, espalhadas em registros de inúmeras etiquetas (afora gravações piratas, transcritas de audições de rádio etc.), que continuam a serem remontadas e reeditadas com capas e títulos diferentes (no Brasil, pela CBS, Brasdisc, Imagem e Polygram já saíram uma dezena de seus elepês, com material de diferentes épocas).
Na trilha há pelo menos três clássicos da discografia Parkeriana ("Ko-Ko", "Now's the Time" e "Parker's Mood"; "April in Paris e "Laura" são provenientes de suas gravações com cordas, estilo no qual foi precursor).
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