Na Enciclopédia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de junho de 1977
A pressão econômica contra os veículos de comunicação do ex-governador Paulo Pimentel já chegou as enciclopédias. No "Livro do Ano-1977", que a "Enciclopédia Britannica" do Brasil começou a distribuir nesta semana, na página 89, no verbete de uma página mais de 100 linhas, dedicados ao Paraná, está o seguinte tópico: "Assunto que despertou interesse, durante o ano, foi a polêmica travada entre os ex-governadores do Estado, Nei Braga e Paulo Pimentel, através dos meios de comunicação sob seu controle de influência. Foi decidido um corte de publicidade do governo nos órgãos do Sr. Paulo Pimentel (3 jornais, 3 emissoras de televisão e 1 de rádio). Em setembro, a Assembléia Legislativa criou uma comissão de inquérito para investigar a questão dos subsídios à imprensa; terminou o seu trabalho no mês seguinte, concluindo que as relações entre o governo estadual e os órgãos de comunicação são "meramente comerciais , não interferindo na linha editorial dos veículos".
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A partir de 1977, o livro do Ano passa a ser uma coleção de informações e atualizações anuais, adequadas concomitantemente ao subscritores da Enciclopédia. Barsa, da Enciclopédia Mirador Internacional e da Enciclopédia Colorama - as três publicadas pela "Enciclopédia Britannica do Brasil". Com 420 páginas, o Book Of Year-77, referente aos eventos de 1976, tem como editor Paulo Geiger e reúne em sua equipe de redatores, nomes respeitáveis da imprensa brasileira como Miécio Tati, Moacir Werneck de Castro, Raul José de Sá Barbosa e Donaldson Garschagem.
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Lincoln Soares Proença, que substituiu a Mário Nogueira Rangel nas funções de distribuidor territorial da "Enciclopédia Braitânnica do Brasil", viaja no próxima semana para Chicago: junto com companheiros de vários Estados vai participar da convenção mundial dos executivos da organização, que se estenderá por uma semana. Rangel, hoje em São Paulo, como distribuidor para toda a região Sul, também irá e aproveitar para dar uma esticada a Nova Iorque e assistir os sucessos na Broadway. Afinal, é irmão de Flavio Rangel, um dos monstros sagrados do teatro brasileiro e embora seu campo profissional seja as enciclopédias tem a mesma paixão do mano caçula pelo bons espetáculos.
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O pianista Hiltom Ronald Alice, 36 anos, 32 de piano, professor de Instrumentação e Orquestra da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, é desde ontem o presidente-interino da Ordem dos Músicos do Brasil - seção do Paraná. Substitui ao professor João Jorge Frank, que encontra há 10 dias na Europa, em viagem de férias. Líder do Samjazz, um dos melhores instrumentistas do Paraná, Hiltom está com bons planos para dinamizar o OMB: 1) combate sistemático ao som de fitas em clubes, casas noturnas etc., causa de desemprego de milhares de músicas e 2 ) regulamentação do trabalho dos empresários, para eliminar os "atravessadores" que, ao invés de auxiliar o trabalho dos profissionais honestos apenas os exploram e desmoralizam o mercado artístico.
SORRINDO PRO CRIME
Neil Simon é um dos mais versáteis escritores americanos. Há alguns anos chegou a ter simultaneamente cinco peças - todas de sucesso - na Broadway, cada uma abordando um aspecto diferente da sociedade comtemporânea. Crítico (ameno) do american way of life, bem humorado e cuja contestação não chega a assustar a ninguém, Simon tem suas peças invariavelmente levadas ao cinema - veículo que as torna conhecidas entre nós, já que as tímidas montagens tentadas nos palcos cariocas e paulistas não foram bem sucedidas em termos financeiros. A ironia e o humor de Simon, normalmente com críticas a sociedade urbana, das grandes metrópoles (Nova Iorque, por exemplo), extrapola em "Assassinato por Crime" (cine Vitória, 4 sessões diárias), realizado, absolutamente, dentro de todas as regras para garantir um novo êxito, ao menos em termos de bilheteria. Desconhecemos se p argumento foi escrito especialmente a pedido do produtor Ray Stark ou se Simon já tinha o texto pronto - uma vez que a linguagem, como em todos os seus trabalhos, é puramente teatral. Mas sem dúvida, em termos de sátira da literatura policial, um dos gêneros financeiramente mais rentáveis, "Murder by Death" é um filme comunicativo e que merece ser visto pelo espectador em busca de um entretimento para uma noite de folga. Pretender mais deste filme dirigido por Robert Moore é exigir muito. Já que a intenção de sátira é evidente desde os primeiros instantes. A reunião de um elenco de superstars, bons recursos de produção e um argumento de bom balanço só podem resultar, mesmo, num trabalho de fácil digestão. Nos cinco superdetetives convocados por um misterioso mr. Twain (para "um jantar e assassinato" , Simon/Moore satiriza" os personagens mais populares de tantos romances de escritores como Agatha Christie (1891-1976) , - George Simenon, Dashiell Hammett, entre outros. E para conduzir uma sátira com tantos ingredientes de humor negro não poderia ser escolhido um ator mais apropriado do que o inglês Alec Guinnes, na interpretação do mordomo cego- um personagem fascinante e hilariante. Guinnes, sem dúvida um dos melhores atores do cinema em todos os tempos, é, por si só, justificativa para assistir este filme - em cujo elenco, entretanto desfilam outros nomes famosos, de atores (David Niven), atrizes (as admiráveis Elsa Lanchester, Eillen Breenan e Maggie Smith) até o badalativo romancista Truman Capote, na interpretação do irreverente anfitrião assassino. A trilha sonora de David Raskin - satírica também aos climas de suspense de tantos policiais é tão oportuna, que lamentamos apenas que a WEA Discos não a tenha ainda lançado em nosso mercado. Enfim, "Assassinato por Morte" é um filme divertido. E o cinema, apesar de tudo, é (ainda e também) diversão.
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A Sinhá resistiu enquanto foi possível mas acabou falecendo. Sua morte aconteceu na semana passada, sendo lamentada muito por estudantes, atores e atrizes de teatro, profissionais liberais e outro as pessoas que, há mais de cinco anos, acostumaram-se a experimentar os seus doces e refrescos, apesar do serviço de suas auxiliares nem sempre ser, dos mais eficientes. Não houve uma, mas várias causas-mortis: barulho, poera, mau cheiro e, principalmente isolamento provocado pelas obras de canalização do Rio Belém na Rua Tibagi que, há seis meses, vem se arrastando. A Sinhá Doceira, uma espécie de território livre de artista e jovem intelectualidade teatral, fechou suas portas. Talvez reabra, com outro nome - e novos proprietários - mas só quando as obras de canalização do Belém terminarem.
Absolutamente, nem tudo é ouro sobre o azul do reino das imobiliárias. Apesar da aparente euforia - traduzida em páginas repletas de anúncios, a oferta supera a procura, ao menos no que se refere a imóveis de alto padrão. Só no Jardim Social, o mais sofisticado bairro de Curitiba, existe uma dezena de mansões à venda, há vários meses, sem que apareçam compradores. A explicação é simples: com as limitações (justas) impostas pela Caixa Econômica Federal, no que se refere aos financiamentos para imóveis, as mansões acima do milhão de cruzeiros ficaram mais difícieis de serem adquiridas. A não ser por quem tem o dinheiro na mão - e, ter um "bi" antigo, nos dias de hoje em notas quentes, é coisa que não é fácil de encontrar. Assim, quem pretende vender imóveis de luxo, começa a colocar as barbas-de-molho. Mesmo tendo o rosto (muito) bem barbeado.
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