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Aramis

Nas crônicas de EGC, girou o tempo pela sua "Roda Gigante"

No dia seguinte da morte de Renato Ribas, a Fundação Cultural de Curitiba distribuiu release anunciando que existem exemplares de "Ecos da Noite" à venda na Livraria Dario Vellozo. Assim, com a morte do querido jornalista, talvez muitos que na ocasião em que o livro foi lançado (1982) não se interessaram, agora busquem a coletânea das colunas que o bom Renatão publicou na "Tribuna do Paraná", entre 1957/59, numa época das mais saudosas da imprensa (e boêmia) curitibana. Graças à sensibilidade de Sérgio Mercer, publicitário, advogado e sobretudo um bom boêmio (hoje em recesso), quando na presidência da Fundação Cultural, é que saiu o livro de Renato. Mercer desejava também publicar outra antologia: "Roda Gigante", com uma seleção das crônicas que Ernane Gomes Corrêa (Curitiba, 1910-1981) publicou desde o número um da Tribuna do Paraná (17 de outubro de 1956) até as vésperas de sua morte. Uma das sobrinhas de EGC (como ele assinava a coluna), a sra. Maria Luísa Braga, chegou a iniciar a seleção do material, mas infelizmente com a mudança da administração municipal, o presidente que substituiu a Mercer, advogado Carlos Frederico Marés de Souza Filho, repudiou a idéia - apesar de toda argumentação apresentada. Nem o fato de um dos sobrinhos de Ernane, o advogado e delegado de polícia José Maria Corrêa, ser vereador peemedebista, com muito trânsito (tanto é que acabou sendo vice na chapa de Maurício Fruet nas últimas eleições) convenceu ao então todo poderoso presidente da Fucucu a editar o livro. A família Corrêa, discretamente, não quis pressionar e com exceção de nosso protesto solitário, ninguém mais se pronunciou a respeito. xxx Agora está na hora da Secretaria Municipal da Cultura cuidar da editoração da "Roda Gigante". A jornalista Maria Luíza Mendonça, diretora do Patrimônio Cultural, é uma das pessoas mais competentes na área e a prova disto é que já se movimentou para retomar os "Boletins da Casa Romário Martins", praticamente também congelados nos últimos sete anos, fazendo uma "Memória de Vida" de Renato Ribas, com apoio editorial d'O Estado do Paraná (lançamento amanhã, 20 horas, Bar do Botafogo; sábado, meio-dia, no Bar Stuart). "Roda Gigante" pode rodar trazendo nas crônicas de EGC muito da Curitiba entre os anos de 1957/80. Advogado da turma de 1935, homem culto e sensível, apaixonado por cinema (numa época de sua vida chegou a gerenciar o escritório da Paramount Pictures em Curitiba), Ernani, quando ainda poucos viajavam ao Exterior, economizando seus proventos como secretário-executivo do Conselho Rodoviário Estadual, viajava pela Europa e Estados Unidos. Tornou-se amigo de Harry Stone, há 30 anos o homem da Motion Pictures no Brasil e por ocasião das festas do Tribunascope de Ouro, criadas pelo redator de cinema Júlio Neto, com seu inglês num tom operístico, era anfitrião de muitos artistas que por aqui passaram. Em viagens a Hollywood foi recebido por vários astros - inclusive Marlon Brando mas, mesmo com todas suas relações, nunca conseguiu chegar perto do maior mito de sua geração - Greta Garbo, de quem tinha uma ampla bibliografia, herdada por seu sobrinho José Maria, também um cinéfilo apaixonado. Fazendo um jornalismo inovador para a época, não se restringindo ao social - (embora tivesse excelente trânsito na alta sociedade) EGC registrava em suas colunas o dia-a-dia cultural da cidade, numa linguagem muito pessoal, às vezes polêmica. Filho de uma família de ervateiros - (seu pai, Bernardo José Corrêa morou muitos anos em Palmeiras) era irmão de Murilo Corrêa (1914-1984), durante anos o executivo do Jockey Clube; do cartorário Jajo (Mozart, 1916-1979) em Matinhos e tinha três irmãs - Lourdes (1921-1988), Laís, 81 anos e Eloá Rosina, esta viúva de José Pires Braga (1915-1969), que ocupou vários cargos importantes. Identificado a uma cidade, culturalmente importante dentro de nossa imprensa e vida artística, as colunas de E.G.C. ajudaram a fazer da Tribuna do Paraná, em outra época, um jornal que era disputado pelo público classe A. Editar uma seleção do muito que escreveu, não será favor nenhum da Secretaria Municipal de Cultura (que custa mais de Cz$ 5 milhões/dia para o povo de Curitiba). É obrigação! LEGENDA FOTO - Do álbum de família: Ernane Gomes Corrêa, à esquerda, ao lado dos sobrinhos João José Arthur, o cunhado José Pires Braga, e sobrinha Denise e o irmão Murilo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
09/03/1989

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