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Aramis

Como está a situação do Fundo de Cinema?

Independente das palavras elogiosas que o vereador Mário Celso nos distinguiu na justificativa do seu requerimento - o que agradecemos - o fato é que torna-se importante que os vereadores, como em seu caso, se preocupem com atitudes tomadas pelo Executivo. Infelizmente as denúncias que são feitas em relação a vários setores - e isto há anos - nem sempre encontram o necessário reflexo junto aos vereadores. Há anos que, independentemente, temos denunciado em nossas colunas os desmandos, erros e falhas ocorridos na Fundação Cultural de Curitiba/Secretaria Municipal de Cultura, especialmente durante os sete anos em que o advogado Carlos Frederico Marés de Souza Filho aboletou o cargo e raras vezes se dignou a esclarescer os pontos criticados. *** Agora com uma nova administração - na qual os curitibanos depositam muita confiaça - é de se esperar que o prefeito Jaime Lerner não adote a política da avestruz, deixando cair no esquecimento as falhas que, realmente, forem apontadas em setores de sua administração - especialmente na pantanosa e difícil área cultural. Por exemplo, uma questão que, se espera, seja levantada em breve - se não da parte do Executivo, provocada pela própria Câmara - é a lei sancionada pelo ex-prefeito Maurício Fruet, no sentido de destinar um percentual do faturamento dos cinemas da Fucucu, para um Fundo Muncipal de Cinema. De autoria do ex-vereador José Maria Corrêa - pessoalmente um apaixonado por cinema, que aprendeu a gostar através de seu tio, o jornalista Ernani Gomes Corrêa ( o "E.G.C.", que escreveu na Tribuna do Paraná a coluna "Roda Gigante" até a sua morte), esta lei nunca foi aplicada. Motivo: o todo poderoso presidente da Fucucu, Marés de Souza, era contra a destinação de recursos para os cineastas locais. Através da associação de classe - ABD/PR - os cineastas tentaram fazer valer os direitos, mas nunca encontraram o apoio político necessário. A lei que o ex-vereador José Maria Corrêa apresentou em Curitiba subsidiou a iniciativa da ex-prefeita de Fortaleza, Maria Luiza Fontenelle, que, no encerramento do II Festival de Cinema Brasileiro de Fortaleza, em agosto de 1987, ao entregar o prêmio à cineasta Berenice Mendes, por seu curta "A Classe Roceira", assinou a lei criando o Fundo Municipal de Cinema do Ceará. Ou seja, uma lei que não foi respeitada em Curitiba serviu de exemplo no Nordeste. *** Já inúmeras vezes se levantou esta questão: por que a Prefeitura recusa-se a cumprir uma lei que poderia beneficiar o nosso cinema? Agora que o equipamento em vídeo, que o ex-prefeito Roberto Requião tinha em seu gabinete, passou para a área de cinema do município, a situação torna-se ainda mais complicada: quais os critérios para sua utilização? Há pessoal realmente competente para coordenar o setor? Serão valorizados os videomakers do Estado ou, a exemplo do que já se fez tantas vezes, se irá buscar "profissionais" de outros Estados? Enfim, são questões sérias, que exigem uma fiscalização por parte de quem se interessa pelos assuntos culturais - e felizmente, o vereador Mário Celso - assim como outros de seus colegas - estarão atentos. Afinal, a democracia exige atos claros e transparentes - e explicações à população de como os recursos oficiais são gastos. *** Como a Secretaria Municipal de Cultura - assim como o próprio gabinete do prefeito Lerner - está preocupado em transplantar para Curitiba alguns projetos de sucesso no eixo Rio-São Paulo - seria interessante que também se estudasse a adoção nos espaços auditórios da Fucucu o "ticket cultural", que esta semana começou a ser implantado no Rio de Janeiro. O Paiol, quando voltar a funcionar (sic) pretende ser um espaço off, copiando a fórmula paulista. Por que então também não copiar uma forma de estimular a freqüência de pessoas que não dispõem de recursos para pagar os ingressos?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
21/02/1989

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