No cavaquinho de Almeida, até o samba vira chorinho
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de abril de 1992
Além de ter editado o excelente "Chorinhos de Ouro", com o clarinetista Severino Araújo e sua Orquestra Tabajara, a CID produziu também dois outros excelentes lps instrumentais: "[Cavaquinho] de Ouro" com Jorge de Almeida e "Avec Elegancia" com Serginho do Trombone.
Fernando Lobo, do alto de sua [vivência] de 75 anos da melhor MPB, lembra o grande Radamés Gnatalli para avaliar a estréia de Jorge de Almeida. O grande maestro costuma dizer que [Jacó] [tocava] [Jacó], enquanto os outros tocavam bandolim. Era uma forma carinhosa de definir o amigo que, sem dúvida, executava o seu instrumento de forma muito pessoal e [inimitável].
Jorge de Almeida também faz do cavaquinho uma presença pessoal e agradável, em 13 músicas que escolheu para este seu primeiro [elepê]. Apesar de misturar até Roberto Carlos/Erasmo Carlos ("Detalhes") e clássicos sambas ("Folhas Secas", "Samba do Avião")("As Rosas Não Falam", "Ronda") com momentos mais tradicionais do choro ("Noites Cariocas" e "Doce de Côco", de [Jacob]; "Flor Amorosa" de Callado), Jorge de Almeida demonstra um virtuosismo e [competência] que o [aproxima] de nomes maiores, como Déo Rian (infelizmente abandonou a carreira) e Joel do Bandolim. Jorge é também compositor, como mostra em "Só Pra Vice" e no "Melô do Cavaquinho", este em parceria com Ed Lincoln.
Na pobreza da música instrumental brasileira tradicional, é estimulante ouvir um novo executante de cavaquinho como Jorge de Almeida. Merece ser prestigiado.
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