No "Zumbido" de Paulinho, a homenagem aos mestres
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de abril de 1980
Esta semana foi tão musical - em eventos e notícias, que neste, domingo não poderíamos também fugir ao setor. Enquanto que em São Paulo encerra-se o II Festival Internacional de Jazz, sobre o qual falaremos terça-feira, com mais vagar, amanhã há dois eventos realmente significativos na área da musica popular, em Curitiba. A presença de Elomar Figueira de Mello, a personalidade musical-79, segundo a Associação Paulista de Críticos de Arte, por seu álbum "Na Quadrada das Águas Perdidas", amanhã à noite, dividindo uma "Parceria Inédita", no Paiol, com o jornalista Fausto Wolff, e o show "Zumbido", com Paulinho da Viola e conjunto, no Teatro Guaíra, para duas apresentações: só na segunda e terça-feira. Nos sentimos à vontade para elogiar - e recomendar - ambos os espetáculos. Em 1973, incluímos o lp "...das barrancas do Rio Gavião" entre os 10 melhores do ano, e no suplemento sobre os melhores de 79-MPB (O ESTADO, 11/1/80), "Na Quadrada das Águas Perdidas" ficou em 1º lugar, abaixo, apenas, de "Zumbido", lp de Paulinho da Viola, na Odeon, que dá título ao verdadeiro recital que traz, infelizmente, em tão curta temporada a Curitiba.
Mas é preferível ter duas opções de aplaudir Paulinho e seus músicos-amigos que o acompanham sempre (maestro Copinha, flauta e clarinete; Dininho, baixo; Hércules, bateria; Celsinho, ritmo), do que não assisti-lo, como aconteceu com seu elogiado "Vela de Breu", que só ficou no Rio., "Zumbido", que marca a estréia do artista gráfico e cenógrafo paranaense Elifas Andreato como diretor, permaneceu um mês, casas lotadas, no Teatro da Galeria (Flamengo, Rio) e agora inicia uma excursão nacional. Com um roteiro onde incluiu ao lado de suas belíssimas composições, homenagens a Wilson Batista (1913-1968), com músicas como "Meu Mundo é Hoje", "Chico Brito", Valzinho (Norival Carlos Teixeira, 1914-1980), com "Tudo Foi Surpresa" (parceria com Peter Pan), Ciro Monteiro (1913-1973), interpretando "Madame Fulano de Tal" e "Formosa" (De Baden e Vinícius, mas que o "Formigão" consagrou); Geraldo Pereira (1918-1955), com seu irônico "Cabritada Mal Sucedida" e Candeia (1935-1978), seu parceiro em Minhas Madrugadas" e autor de "Filosofia do Samba", a primeira parte de "Zumbido" é basicamente vocal. Após o intervalo, "Numa Seresta" de Luiz Americano (1900-1960), "Confidências" de Ernesto Nazareth (881863-1934), "A Vida é um Buraco", de Pixinguinha (Alfredo Rocha Viana Filho, 1898-1973), além de seu "Sarau para Radamés" - homenagem ao mestre Gnatalli, possibilita a Paulinho exibir todo o seu virtuosismo ao violão e cavaquinho, ao lado de seus irrepreensíveis músicos. As 26 músicas de "Zumbido" são absolutamente perfeitas, com Paulinho a vontade, seja cantando, executando seus instrumentos e até dançando. Paulinho, vestido de branco, um cenário com um céu estrelado - uma concepção que só o talento de Andrade poderia imaginar, faz de "Zumbido" um espetáculo inesquecível. Não deixem de aplaudi-lo!
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